Carta reúne reivindicações das mulheres da floresta

Documento é resultado dos três dias de debates realizados no Seminário Mulheres da Floresta Foto: Laryssa Gaynett
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A “Carta da Rede de Mulheres Protetoras e Defensoras das Águas e das Florestas do Norte e Nordeste”, formada por mais 100 lideranças femininas, foi apresentada, nesta quinta-feira, dia 31 de março, com aproximadamente 30 reivindicações de direitos nas áreas de Educação, Mudanças Climáticas, Saúde, Empoderamento, Segurança, Desenvolvimento Econômico, Infraestrutura e regularização fundiária e segurança alimentar.

O documento deve ser apresentado para os governos estaduais e federal, além de lideranças políticas, e é resultado dos três dias de debates realizados no Seminário Mulheres da Floresta, que aconteceu de terça-feira, dia 28 de março, até nesta quinta-feira. O encontro reuniu mulheres ribeirinhas, agricultoras familiares, parteiras, mães de santo, professoras, profissionais de saúde, policiais, lideranças, cacicas, extrativistas, comunicadoras, pescadoras, marisqueiras, artesãs, quilombolas, benzedeiras, quebradeiras de coco, entre outras lideranças femininas de diversos estados do Norte e Nordeste, principalmente da Amazônia.

O evento foi promovido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com apoio da Azul, Bemol, Escola de Ativismo, Vinci Aeroportos e Solar –Cola-Cola.

A carta destaca o papel indispensável das mulheres na conservação ambiental e reafirma a identidade das signatárias, grande parte proveniente de áreas protegidas.  “Somos povos e populações tradicionais das Reservas Extrativistas Marinhas e Florestais, Florestas Nacionais, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Projetos de Assentamento Tradicional e Agroextrativistas estaduais e federais, comunidades indígenas, quilombolas e Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS)”, discorre o documento.

Entre as reivindicações, a carta destaca que na área da educação, é necessário a inserção na grade curricular das escolas municipais e estaduais e no ensino federal de conteúdos tradicionais e ambientais regionais e estruturação de um calendário escolar que venha das comunidades e povos tradicionais para o MEC, além da garantia da a trafegabilidade das estradas, vicinais, rios e furos, assegurando o transporte escolar para os alunos do campo, dos rios e das florestas entre outros.

Em relação às mudanças climáticas, o documento solicita “Continuar a luta contra os invasores que desmatam, queimam, envenenam e poluem as águas, contra o racismo ambiental e pelo acesso a fundos de financiamento para continuar protegendo os territórios; Promover a educação política, climática e criação de planos de enfrentamento às mudanças climáticas”; entre outras ações.

“A carta elaborada durante o Seminário de Mulheres da Floresta representa um grande marco na área, porque possui as falas e anseios de mulheres de diversos territórios, ampliando as estratégias de defesa e proteção da Amazônia. Temos certeza que os debates gerados aqui vão promover grandes frutos em prol das mulheres amazônidas”, comenta a superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades na FAS, Valcléia Solidade.

A implantação de Unidades Básicas de Saúde em comunidades, com equipamentos para exames e farmácia comunitária, além da presença de profissionais de saúde é também uma das exigências do documento. Na carta também há reinvindicações voltadas para o empoderamento de mulheres.

Um dos trechos do documento informa: “Não podemos ser apenas secretárias das associações/cooperativas, mas também presidentes, assumindo inclusive a comercialização dos produtos e não somente a produção; e é necessário ter projetos voltados ao empoderamento feminino para ocupação dos cargos federais por mulheres representantes (somente homens estão assumindo)”. O documento será amplamente divulgado nos meios de comunicação e entregue para os governos estaduais e federal e lideranças políticas.

Liderança da etnia Kokma, do município de Santo Antônio do Iça, no interior do Amazonas, Milena Kokama, disse que é uma grande conquista reunir tantas lideranças femininas para unificar o diálogo em prol das mulheres da floresta.

“A FAS está fazendo uma grande revolução trazendo essas mulheres para Manaus e debatendo assuntos de importância para o futuro de outras mulheres. Se não fosse eles (a FAS), não estaríamos aqui. Porque, eles não mediram esforços logísticos para trazer essas pessoas. Então, eu não tenho palavras para estar aqui discutindo as nossas necessidades e o que nós precisamos para a nossa aldeia. É um sentimento de gratidão”, declarou.

O evento também reuniu instituições sociais, empresas e lideranças de movimentos sociais e políticos. A representante da Brazil Foundation, Rebeca Tavares, disse que a instituição visa financiar projetos voltados à conservação ambiental, ações contra as mudanças climáticas e à proteção dos povos da floresta.

“É por isso que estamos aqui no Seminário das Mulheres da Floresta, pois queremos nos informar melhor sobre as líderes e quais os trabalhos que elas estão desenvolvendo. Estamos muito interessados na rede que está sendo estabelecida e eu acho que eventos como esse é um passo muito importante, pois está sendo formada uma aliança entre as mulheres de várias etnias e grupos de luta, em prol de uma luta em comum”, completou.

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