Bolsonaro demite Mandetta do cargo de ministro da Saúde

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Após 34 dias de discórdias públicas e intrigas privadas, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido nesta quinta-feira (16) por Jair Bolsonaro. A exoneração deve sair em edição extra do Diário Oficial, mas foi oficializada pelo presidente em reunião nesta tarde no Palácio do Planalto. Mandetta publicou a informação no Twitter.

“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar.Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, escreveu ao deixar a reunião no Planalto.

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Linha do tempo: os encontros e desencontros de Bolsonaro e Mandetta na crise do coronavírusLinha do tempo: os encontros e desencontros de Bolsonaro e Mandetta na crise do coronavírus
Mais popular integrante do governo e com aprovação duas vezes maior que a do presidente, Mandetta não resistiu à própria verve. Sentindo-se blindado no cargo após receber apoio dos militares e emparedar o presidente mais de uma vez, o ministro acabou dando duas entrevistas cheias de provocações e referências diretas ao presidente.

A primeira, no dia 6 deste mês, logo após a tensa reunião em que foi confirmado no cargo, acabou sendo relevada, mas não esquecida pelo Planalto. A situação, contudo, ficou insustentável após a fala de Mandetta ao Fantástico, no domingo (12), na qual voltou a criticar o comportamento de Bolsonaro. O ministro já havia avisado que suas reações seriam proporcionais aos atos do presidente.

No sábado (11), eles visitaram juntos as obras de um hospital em Goiás, ocasião em que Bolsonaro cumprimentou apoiadores e se uma aglomeração. Irritado e disposto a marcar posição, Mandetta disse ao Fantástico que a população “não sabe se escuta o ministro ou o presidente”.

Criticado inclusive por parlamentares e governadores que o apoiavam, Mandetta reconheceu o erro e submergiu. Na terça-feira (14), apareceu com o semblante carregado na coletiva diária de atualização dos números sobre a pandemia. Amuado, pouco falou. Ao retornar ao gabinete, comunicou à equipe que sua demissão era questão de tempo.

Veja a seguir as razões para sua queda:

Alinhamento com adversários políticos

Mandetta começou a cair em desgraça com o presidente em 13 de março. Na véspera, o ministro havia participado da live semanal com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Ambos usavam máscara e pareciam alinhados no discurso de contenção social. Naquela mesma noite, o presidente fez um pronunciamento em cadeia de rádio e TV aconselhando os apoiadores a evitarem aglomerações nos protestos marcados para o domingo seguinte, 15 de março, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

No dia seguinte à live, Mandetta viajou a São Paulo, onde participou de uma entrevista coletiva ao lado do governador João Doria (PSDB), maior desafeto de Bolsonaro. Mandetta anunciou a liberação de quase R$ 100 milhões em recursos federais para o Estado combater a pandemia e insistiu na adoção de medidas de isolamento. A partir dali, o presidente e assessores próximos passaram a nutrir crescente desconfiança do ministro. Nas semanas posteriores, Mandetta também se aproximou de outros antagonistas de Bolsonaro, como os presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Provocações sucessivas e insubordinação

A tolerância do presidente com o que considera provocações de Mandetta chegou ao fim no domingo. Na entrevista concedida pelo ministro ao Fantástico, da TV Globo, Bolsonaro e seus asseclas enumeraram várias alfinetadas. A primeira foi a escolha da emissora, alvo de sucessivos ataques do Planalto. Mas Mandetta foi além. Citou idas à “padaria”, dois dias após Bolsonaro parar em uma padaria de Brasília, cobrou um discurso unificado do governo, reclamou de fake news e previu um pico de contágio em maio e junho. Desferidas em série, as declarações confrontam opiniões e atos do presidente nas últimas semanas.

A entrevista fez Mandetta perder o suporte do núcleo militar. Responsáveis por convencer o presidente a não demiti-lo na semana passada, os generais de terno enxergaram no episódio uma irrefreável quebra de hierarquia. Para eles, Mandetta já havia agido assim no dia 6, quando fez várias referências indiretas e provocativas a Bolsonaro logo após a tensa reunião em que acabou confirmado no cargo.

A resistência à cloroquina

Incensada por Bolsonaro como um medicamento capaz de curar os pacientes da covid-19, a cloroquina se transformou em pivô de um novo debate nacional. Usada no tratamento de doentes de malária, lúpus e artrite reumatoide, a droga começou a ser testada no combate ao coronavírus na China e logo ganhou adeptos em vários países. Contudo, ainda não há comprovação científica de sua eficácia no combate à pandemia. Dos 65 estudos clínicos em andamento ao redor do mundo, apenas três foram finalizados e as conclusões são inconfiáveis. O principal temor dos médicos são efeitos colaterais, como arritmia cardíaca e problemas na visão.

Influenciado pelos filhos, Bolsonaro quer que o Mandetta incentive o uso da cloroquina nos pacientes de covid-19, incluindo a droga nos protocolos oficiais. O ministro resiste, embora já tenha liberado o uso para internados ou em estado graves, cuja decisão deve caber ao médico pessoal de cada paciente. Na semana passada, o ministro chegou a ignorar dois médicos levados ao Planalto pelo presidente e queriam convencê-lo a baixar um decreto determinando o emprego da cloriquina.

A política de isolamento social

Desde a chegada da pandemia ao Brasil, Mandetta tem alertado à população para evitar aglomerações, sob pena de uma proliferação rápida e massiva da doença. Conforme os casos foram se multiplicando, o ministro redobrou os avisos e passou a defender medidas severas de restrição do convívio social. Em sintonia com governadores e prefeitos Brasil afora, o discurso de Mandetta preconiza inclusive a suspensão de missas e cultos evangélicos, em confronto direto com as ideias defendidas por Bolsonaro. Em decreto, o presidente chegou a permitir a abertura de igrejas e templos por considerar a religião “atividade essencial”.

São os efeitos econômicos da paralisação do comércio, da indústria e do setor de serviços, porém, que mais preocupam Bolsonaro. O presidente teme que uma recessão iminente desgaste seu governo e vem defendendo com ênfase a retomada da atividade econômica. Mandetta já divulgou um plano de afrouxamento gradual das medidas de distanciamento social e manifesta preocupação com a economia, mas mantém as diretrizes de isolamento para retardar o pico de contágio e evitar o colapso do sistema de saúde.

Bolsonaro escolhe Nelson Teich para a Saúde

Teich é o substituto de Mandetta no comando da Saúde
Reprodução

O médico oncologista Nelson Luiz Sperle Teich foi escolhido por Jair Bolsonaro como o novo ministro da Saúde. Ele vai substituir Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido do cargo na tarde desta quinta-feira (16).

Teich é carioca e formado em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele chegou a ser cotado para a pasta da Saúde antes da posse de Bolsonaro na Presidência.

O oncologista foi consultor de saúde durante a campanha eleitoral de Bolsonaro e assessorou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a janeiro de 2020.

Teich fundou o Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) em 1990. Em 2005, o grupo foi adquirido pela UHG/Amil.

Também fundou e é presidente do Instituto COI de Educação e Pesquisa, uma organização sem fins lucrativos criada em 2009 para fazer pesquisas clínicas e trabalhar com programas de formação nas diversas áreas de tratamento do câncer, como hematologia, oncologia, radioterapia, física da radiação, enfermagem e farmácia.

Teich coordena a parceria com o programa de consultoria MD Anderson, criada com o objetivo ser um centro integral de câncer no Rio de Janeiro.

O médico tem mestrado em economia da saúde pela Universidade de York, MBA em saúde pelo Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD) e em gestão e empreendedorismo pela Harvard Business School.

Em um artigo publicado na rede social Linkedin em 3 de abril com o título COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil, Teich destacou que “estamos vivendo um tempo de guerra e tempos de guerra, apesar de todas as dificuldades e perdas, são períodos onde grandes inovações acontecem, inclusive na saúde”.

Ele ponderou sobre isolamento horizontal (para todos) e vertical (apenas para grupos de risco). Disse que “diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país.”

“Outro tipo de isolamento sugerido é o isolamento vertical”, escreveu. “Essa estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema. Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa. O ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente.”

Teich defendeu em seu artigo que o isolamento social “deveria ser personalizado”. “Um modelo semelhante ao da Coreia do Sul. Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular. Esse monitoramento provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais.”

Fonte: Conteúdo Estadão

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