O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste sábado (11) que seus apoiadores foram às ruas no dia 7 de setembro porque não aceitam “retrocessos”. “Senti os reais motivos pelos quais esse povo foi às ruas”, disse. “Em primeiro lugar, foi para realmente dizer que não aceita retrocessos.”
As declarações foram feitas em Esteio (RS), a 25 quilômetros de Porto Alegre, dias depois de o presidente ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar que descumpriria eventuais ordens judiciais determinadas por um dos ministros, Alexandre de Moraes. Dois dias depois das afirmações golpistas e antidemocráticas, Bolsonaro contemporizou, com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB). O presidente argumentou que fez as declarações “no calor do momento” e que buscaria recursos judiciais para reverter o que considera injusto. ”
Hoje, Bolsonaro afirmou que alguns poderiam imaginar que ele estava em “um momento de glória”, mas declarou que foi “apenas um na multidão”. O presidente disse que “o povo quer respeito à Constituição por parte de todos” e a defesa da “liberdade”.
Em Esteio, Bolsonaro participou de uma feira com produtores rurais, quando recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha. O agronegócio é um importante pilar da sustentação política de Bolsonaro. Agricultores financiaram os atos de 7 de setembro, enviaram caminhões para manifestações pró-Bolsonaro e participaram de bloqueios em rodovias nos dias seguintes.
Neste sábado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), citou um dos objetivos da vista de Bolsonaro a Esteio: “Comemorar com os produtores rurais do Rio Grande do Sul todo o apoio que nós temos do setor”.
Bom dia! Aguardando a chegada do presidente @jairbolsonaro na 44a #Expointer, em Esteio (RS). #agro pic.twitter.com/TaPslgK9Be
— Tereza Cristina (@TerezaCrisMS) September 11, 2021
O presidente acenou aos agricultores e criticou o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Federal sobre a demarcação de terras indígenas. O magistrado votou contra a existência de um marco temporal para dizer quando novas áreas não poderiam ser concedidas às populações tradicionais.
Se a proposta [o voto] do ministro Fachin vingar, será proposta a demarcação de novas áreas indígenas que equivalem a uma região Sudeste toda, ou seja, é o fim do agronegócio”Jair Bolsonaro, presidente.
Momento ainda é conturbado, afirmou
O presidente disse que “vivemos momento ainda um pouco conturbado” na relação entre os poderes. “Não é hora de dizer se ou aquele poder saiu vitorioso”, emendou. “A vitória tem que ser do povo”. O presidente ainda disse que é difícil exercer seu cargo.
A vida do presidente não é fácil. Se alguém quiser trocar comigo, troco agora”Bolsonaro
Segundo ele, nem tudo é possível de ser feito. “Não podemos fazer a coisas na velocidade que muitos querem, mas a gente vai aos poucos redirecionando o futuro do nosso país”, afirmou. “Temos Três Poderes, [que] têm que ser respeitados”. Ele defendeu a busca do entendimento.
Presidente ignorou uso de máscara
Na Expointer, em Esteio, Bolsonaro visitou pavilhões e cumprimentou populares. Ele estava acompanhado dos ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, da Agricultura, Tereza Cristina, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Houve aglomeração de pessoas querendo tirar fotos ao lado do presidente. Mas Bolsonaro e Onyx não utilizavam máscaras, ao contrário de Cristina e Heleno.
O equipamento é obrigatório durante a pandemia de coronavírus. Segundo a rádio Gaúcha, o parque de exposições Assis Brasil, onde se realiza Expointer, obriga que os participantes utilizem máscaras. O deputado Bibo Nunes (PSL-RS), também sem máscara, contou que veio com o presidente no avião entre Brasília e Porto Alegre. Ele comentou que um dos filhos do presidente, “Carlos Bolsonaro está namorando uma gaúcha” e que o deputado Eduardo Bolsonaro já é casado com outra.
O presidente deve retornar a Brasília no final do dia.
Fonte: UOL