O Cientista Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), foi eleito membro estrangeiro da Royal Society, instituição britânica. Antes dele, o único brasileiro a figurar na lista era o imperador Dom Pedro II, eleito em 1871 não como cientista, mas como membro da realeza. Nobre também é diretor científico do Instituto de Estudos Climáticos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e diretor da Amazon Third Way Initiative/Projeto Amazônia 4.0.
A Royal Society foi fundada em 1660 na Grã-Bretanha, e é considerada a mais antiga e um das mais prestigiadas sociedades científicas do mundo. Na lista da academia consta a seleção de mais de 60 cientistas excepcionais de todo o mundo por suas excelentes contribuições à ciência.
Nobre foi reconhecido pelo trabalho nas interações biosfera-atmosfera e os impactos climáticos do desmatamento da Amazônia e sua liderança em programas que moldaram a ciência brasileira. Para o cientista, a escolha da Royal Society tem a ver com sua longa trajetória de dedicação ao estudo do clima e da Floresta Amazônica. “Como um alerta aos riscos que a Amazônia vem correndo e aos riscos das mudanças climáticas para o Brasil”, disse.
Desde 1990, Nobre já apontava em estudos o risco de, com o avanço do desmatamento, o bioma -essencial para a chuva no continente- chegar a um ponto de não retorno (chamado, em inglês, de “tipping point”) e passar por um processo de savanização, secando e perdendo sua grande biodiversidade. “Se a Amazônia passar por savanização, ela joga mais de 300 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Isso tornaria impossível atingir as peças do Acordo de Paris. Se isso acontecer, a gente teria que esperar, com sorte, ficar em 2°C de aumento”, afirma o cientista.