‘É meu legado’, diz compositor que acusa Adele de plagiar música gravada por Martinho da Vila

Geraes contratou equipe de peritos para analisar semelhança entre 'Mulheres' e 'Million Years' Foto: Arquivo pessoal / BBC News Brasil
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Um assunto dominou as redes sociais no início da semana. A suspeita é de que a cantora britânica Adele teria plagiado uma música de um compositor brasileiro.

Segundo a acusação, uma perícia constatou que a canção Million Years Ago, lançada em 2015 pela estrela pop, teria copiado quase 88% da melodia de Mulheres, que ficou conhecida na voz de Martinho da Vila.

Em entrevista à BBC News Brasil, o compositor da música Mulheres, Toninho Geraes, disse que já mandou duas notificações extrajudiciais para a cantora, para a gravadora XL Recordings, responsável pelo lançamento da canção, e o produtor e compositor de Million Years Ago, Greg Kurstin.

Nenhuma delas foi respondida e agora o compositor brasileiro disse que levará o caso à Justiça.

Ele afirmou que tem acompanhado as reações dos fãs nas redes sociais por meio de links enviados pelos amigos e acredita que terá sucesso na ação judicial, assim como Rod Stewart fez um acordo com Jorge Ben na década de 1970.

“As pessoas têm ficado muito a favor do meu grito de proteção. A única coisa que eu tenho na minha vida que eu posso falar que é meu, é minha música. Eu só vendo se eu quiser. Meu patrimônio, o que eu conquistei, eu posso vir a perder, mas o meu repertório, minhas músicas, isso é o meu legado”, disse.

A pressão dos brasileiros nas redes sociais em busca de uma resposta da cantora britânica tem sido tão forte que Adele bloqueou os comentários da música Million Years Ago no YouTube.

Segundo Toninho, o que ele deseja é uma reparação financeira sobre os lucros obtidos pela artista com a música, como royalties com visualizações no YouTube e Spotify.

“Não houve nenhum aceno de boa vontade da parte deles. Eu penso que, havendo justiça, eu seja indenizado pelo que essa música já gerou de dividendos. O nosso anseio é a reparação pública, mas minha intenção nunca foi expor a Adele”, afirmou.

A reportagem procurou as gravadoras responsáveis pelas produções e distribuições musicais da cantora, a XL, a Sony Music e a Universal Music, além da assessoria de imprensa pessoal da Adele e do produtor musical Greg Kurstin. Apenas a Sony respondeu até a publicação desta reportagem, afirmando que não comentará o caso.

Toninho disse que ficou sabendo da semelhança entre as músicas Mulheres e Million Years Ago pelo amigo dele Misael da Hora.

“Ele entrou em contato comigo e disse que estava numa festa e pensou: ‘Essa é a Adele cantando uma música do Toninho Geraes’. Ele ficou feliz e disse que foi pesquisar para ver se tinha a minha assinatura na música dela e ele percebeu que não tinha”, contou Toninho à reportagem.

Depois de ouvir a versão da cantora britânica, ele procurou um advogado especialista em direitos autorais para saber se ele tinha razão.

Toninho é autor de outros hits da música brasileira, como Me Leva, gravada por Agepê, e Verdade, de Zeca Pagodinho.

Toninho diz que não sabe como Adele pode ter tido acesso à música Mulheres, mas estranha o fato de o produtor e compositor de Million Years Ago ser um grande conhecedor da música brasileira. No perfil dele no Spotify, Greg Kurstin diz que até aprendeu a tocar berimbau.

“O que nos causa estranheza é o fato do parceiro dela ser um pesquisador da música brasileira, do Paulinho da Viola, que é do samba igual a mim”, afirmou Toninho.

Para Toninho, a falta de respostas da cantora demonstra um desdém aos brasileiros e um despespeito com a cultura do país.

“(Isso acontece) quando a gente tem um presidente louco, que está colocando fogo na mata e que subestima a pandemia. Precisamos conquistar nosso respeito porque as pessoas duvidam da nossa capacidade de discernimento, da nossa capacidade de lutar pelos nossos direitos e não é só a Adele. Precisamos ser guardiões da nossas riquezas culturais”, afirmou.

Uma equipe de três peritos foi contratada pelo compositor Toninho Geraes para tentar refazer o caminho que poderia ter levado ao possível plágio.

O advogado Fredímio Biasotto Trotta disse que os especialistas em perícia musical destrincharam a canção gravada por Adele para tentar entender os caminhos feitos pelos supostos plagiadores. Segundo ele, os especialistas identificaram alterações feitas para “maquiar” a melodia original.

“Um laudo pericial que mostra tecnicamente como esse plágio foi feito, as técnicas composicionais que foram usadas para se chegar até ele. O que dá um caráter ainda mais sério à nossa suspeita de que houve um plágio intencional. O perito vai demonstrar que houve uma cirurgia plástica. O que foi retirado e o que foi injetado, fazendo uma analogia com as cirurgias”, disse.

O advogado disse que, para ele, até mesmo a possível tese de um plágio involuntário fica “difícil de aceitar” após notificações não respondidas.

“Nos causou estranheza o silêncio de Adele. A Sony disse que apenas distribuiu o álbum no Brasil, mas não refutou o plágio. Tão feio quanto o plágio é este silêncio. Fizemos uma notificação com mais de cem folhas de cada notificação”, disse Trotta.

Rod Stewart e Jorge Ben
No fim dos anos 1970, o escocês Rod Stewart lançou a música Do Ya Think I’m Sexy?, que chegou a ficar na lista das 500 maiores da história no ranking da revista Rolling Stones.

A produção do cantor brasileiro identificou que os refrões da música do escocês e Taj Mahal, de Jorge Ben, eram praticamente idênticos, e entrou com uma ação contra Stewart. Eles entraram em um acordo pacífico e Stewart doou todos os lucros da música ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O cantor escocês contou o caso na autobiografia dele e assumiu ter cometido um plágio inconsciente, pois escutou muito a música Taj Mahal durante um carnaval que viajou ao Brasil ao lado dos amigos Elton John e Freddie Mercury.

 

 

Fonte: BBC News

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