Emissões de gases-estufa do Brasil devem crescer em 2020 por causa da alta do desmatamento da Amazônia

Projeção do Seeg para as emissões por desmatamento no Brasil para 2020
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Diferentemente do resto do mundo, que deve ter uma redução nas emissões de gases de estufa neste ano diante da recessão provocada pela pandemia de covid-19, o Brasil provavelmente vai registrar um aumento na liberação dos gases que provocam o aquecimento global. Análise feita pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima estima que a alta pode ser entre 10% e 20% neste ano, em relação aos dados de 2018, porque o País está mantendo em ritmo acelerado a sua principal fonte de gás-estufa, o desmatamento.

Para as emissões globais, a expectativa é de queda em torno de 6% por causa da diminuição da atividade industrial e do consumo de combustíveis fósseis.

Em nota técnica divulgada nesta quinta-feira, 21, para avaliar o impacto da pandemia sobre as emissões brasileiras, o grupo aponta que também para o País a pandemia tem, “no agregado, o efeito de potencialmente reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com as reduções nos setores vinculados a energia, indústria e resíduos compensando ou neutralizando o aumento nas emissões da pecuária”.

Mas o desmatamento, que avança na Amazônia a despeito da pandemia, deve inverter essa curva, estimam os pesquisadores de quatro instituições de pesquisas ambientais, liderados pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo.

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Os quatro primeiros meses deste ano, de acordo com os alertas do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registraram uma perda de 1.202 km² de florestas, valor 55% superior ao observado no mesmo período do ano passado, de 773 km². Abril deu sequência a um recorde batido no primeiro trimestre de 2020 – que trouxe no consolidado o desmatamento mais alto dos últimos dez anos.

Mesmo quando os efeitos da pandemia começaram a ser sentido no Brasil, não houve arrefecimento da motosserra. Entre os meses de março e abril, o Deter identificou uma perda de 732 km², crescimento de 46,6% em relação ao mesmo período de 2019.

A tendência de intensificação do corte da floresta, porém, vem desde o ano passado. A partir de 1º de agosto, quando começa a ser considerado o período oficial de cálculo do desmatamento anual, o corte raso atingiu até 30 de abril 5.666 km². Entre agosto de 2018 e abril de 2019, os alertas haviam indicado 2.914 km² desmatados. O aumento é de 94%.

De 1º de agosto a 30 de abril, foram desmatados 5.666 km², alta de 94% em relação ao período anterior. Crédito: Deter / Inpe

Lembrando que essa taxa é uma estimativa do Deter. O sistema Prodes, que faz a análise mais acurada – e fornece o dado oficial (sempre entre agosto de um ano e julho do seguinte) – geralmente traz números ainda mais altos.

Para poder estimar de quanto podem ser as emissões por desmatamento no Brasil neste ano, os pesquisadores fizeram projeções de quanto pode ser a perda da floresta entre maio e julho, normalmente os meses com as mais taxas de devastação.

Eles trabalharam com dois cenários: de projeção média, seguindo os dados apontados pelo Deter para esses três meses entre 2016 e 2019; e uma projeção mais pessimista, seguindo as taxas que observadas no ano de 2019, que foram as mais altas da década.

No cenário mais conservador, as emissões no chamado setor do uso da terra podem ser de 226 milhões de toneladas de CO2-equivalente, um aumento de 29% em relação a 2018. “Se a área desmatada nos próximos meses for a mesma que a observada nos mesmos meses em 2019, o Brasil terá um aumento nas emissões brutas por desmatamento estimado de 396 Mt CO2e, ou 51% com relação a 2018. No entanto, se a tendência de aumento das taxas de desmatamento dos primeiros meses de 2020 se confirmar nos próximos meses, a estimativa de aumento pode ser ainda maior”, escrevem.

As emissões brutas do Brasil em 2018 – o último dado disponível até o momento –, de acordo com o Seeg, foram de 1,9 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. O setor do uso da terra, onde se enquadram as emissões por desmatamento, responderam por 44% do total. De acordo com a nota técnica, dependendo do cenário de desmatamento, as emissões deste ano podem ficar entre 2,1 bilhão a 2,3 bilhões de toneladas brutas.

Pelo compromisso que o Brasil fez junto ao Acordo de Paris, que prevê reduções de emissões de todo o mundo para o planeta ficar em um aquecimento abaixo de 2ºC até o fim do século, as emissões do País deveriam cair para chegar a 2025 com 1,3 bilhão de toneladas.

“A aceleração do desmatamento e das emissões decorre diretamente das ações do governo Bolsonaro de desmontar os planos de controle, por um lado, e estimular o crime ambiental, por outro. O Brasil se tornou uma ameaça ao Acordo de Paris, num momento em precisamos mais do que nunca avançar na estabilização do clima, para evitar uma outra grave crise de proporções mundiais”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, em nota à imprensa.

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