Invasores ameaçam matar mais indígenas no Vale do Javari, no Am

O Vale do Javari é uma terra indígena localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do estado do Amazonas, no Brasil - foto: Cimi
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“O problema mais grave que nós enfrentamos aqui no Vale do Javari, agora, não são nem as invasões. São as ameaças de morte”, diz Adelson Korá Kanamary, coordenador da Associação Kanamary do Vale do Javari – Akavaja, e também vereador do município de Atalaia do Norte (AM) pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
Após o assassinato de Maxciel Pereira dos Santos, colaborador da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Tabatinga, no dia 06 deste mês, alguns servidores do órgão que atuam nas frentes de proteção localizadas no interior da terra indígena Vale do Javari estão pedindo para sair.
“A situação mais grave que deixa a gente com medo, inclusive os servidores da Funai, os colaboradores indígenas – pois estes correm mais perigo -, e até quem trafega pelos rios, é o medo de ser assassinado”, destacou Adelson Korá. “Os invasores já deram recado que não vão parar”, disse ele, acrescentando: “os caras da Funai já correram. Quem quer morrer de graça?”.
Na última terça-feira, 24, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), divulgou uma nota onde denuncia que “o controle e fiscalização da nossa terra estão gravemente em risco, uma vez que o atual governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem mantido e fortalecido uma política de desmonte, desestruturação e sucateamento do principal órgão indigenista do país a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, vinculado ao Ministério da Justiça”.

O controle e fiscalização das terras indígenas está em risco, com a política de desmonte da Funai, feita por Bolsonaro – foto: Cimi

As lideranças indígenas do Vale do Javari pontuam ainda que “estas medidas adotadas tem um reflexo direito na vigilância de nosso território e na vida de nossas comunidades. Vivemos um tempo de retrocessos, e ataques cotidianamente dos direitos conquistados e a intensificação de uma agenda e política antiindígena”.
Na nota os indígenas relatam os acontecimentos recentes, como o assassinato de Maxciel Pereira dos Santos e os ataques à Base de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari. A última aconteceu no dia 21 passado. Segundo relatos das lideranças locais o ataque teria acontecido na Base de Proteção do rio Itacoaí/Ituí, onde outros aconteceram desde novembro do ano passado.
“No ato criminoso, os bandidos efetuaram vários disparos com nítido propósito de atingir os poucos servidores públicos ali lotados para exercerem suas atividades em nome do Estado e naturalmente, intimidar a atuação de fiscalização territorial naquele lugar”, denuncia a Univaja.“Tudo isso é muito preocupante porque os invasores são pessoas que nós conhecemos e que também nos conhecem”, diz o vereador Adelson Korá.
A Nota da Univaja é um pedido de socorro para que o Estado Brasileiro cumpra suas obrigações constitucionais. Ali eles denunciam também que, por falta de fiscalização, missionários evangélicos estariam entrando nas comunidades indígenas sem autorização das lideranças e do órgão indigenista.
A Terra Indígena Vale do Javari já foi demarcada, homologada e registrada no Serviço de Patrimônio da União. Ali vivem seis povos conhecidos (Marubo, Kanamary, Kulina, Tsonhom Djapa, Matis e Mayoruna – Matsés), além de outros 18 sem contato com a sociedade envolvente, de acordo com informações da Frente de Proteção etnoambiental do Vale do Javari.

As lideranças indígenas do Vale do Javari estão em permanente vigilância no território e na vida das comunidades – foto: Cimi

Mesmo depois de regularizada a Terra Indígena vem sofrendo ataques de madeireiros, pescadores, caçadores garimpeiros e traficantes. Os indígenas dizem que a parte sul do território, na divisa com o estado Acre, é a mais vulnerável. Fazendeiros estariam avançando sobre a terá indígena devido a falta de fiscalização e de controle.
Em setembro de 1989, um grupo do povo Korubo, àquela época ainda sem nenhum contato com a sociedade envolvente, foi massacrado por invasores e seus corpos enterrados em cova rasa numa das praias do rio Itacoaí. Em 2017 veículos de imprensa do Amazonas divulgaram a ocorrência de um suposto massacre também de índios isolados no rio Jandiatuba.
“A pior situação aqui é a segurança. Os caras estão se revoltando contra nós. Eles são de Benjamin Constant, Tabatinga e Atalaia do Norte e estão querendo a riqueza que tem na terra”, observa Adelson Korá e alerta que essa matança de indígenas e servidores dos órgãos de proteção aos indígenas pode se tornar uma prática corriqueira na região.
CIMI – Regional Norte I (AM/RR)

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