Os líderes das 21 economias do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) decidiram nesta sexta-feira “superar o nacionalismo de vacinas” contra a covid-19 para estimular a produção e a distribuição de doses em busca da recuperação sanitária e econômica.
“A pandemia continua tendo um impacto devastador na população e nas economias da região. Só superaremos esta emergência sanitária acelerando um acesso seguro, eficaz, de qualidade e a vacinas com preços acessíveis”, afirmaram os líderes em comunicado conjunto.
Os representantes dos países, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o da China, Xi Jinping, se comprometeram a apoiar “a transferência voluntária das tecnologias de produção de vacinas em condições acordadas mutuamente”.
Esta ideia foi retomada pela anfitriã do encontro virtual, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que ressaltou a importância de “superar o nacionalismo de vacinas”
“Nossas conversas nos levaram além do nacionalismo de vacinas. Agora estamos focando em todos os aspectos de contribuir para o esforço global de vacinação: produzir vacinas, compartilhar vacinas e usar vacinas”, declarou em entrevista coletiva depois da reunião.
Ardern convocou a cúpula de maneira urgente na segunda-feira para abordar o impacto da covid-19, que provocou a maior contração das economias da APEC desde a Segunda Guerra Mundial, além da perda de 81 milhões de empregos.
ESPÍRITO DE COOPERAÇÃO
A governante neozelandesa vinculou o maior acesso às vacinas a um “espírito de cooperação” e a “manter os mercados abertos”, e ressaltou que os países da região têm a oportunidade de “sair desta crise de maneira mais inclusiva, mais sustentável e mais adaptável do que nunca”.
O presidente da China, Xi Jinping, destacou que as vacinas são “uma arma poderosa” contra a pandemia e pediu para que as doses sejam mais acessíveis aos países em desenvolvimento, segundo a agência oficial chinesa “Xinhua”.
Durante o discurso no fórum, o líder chinês lembrou que Pequim forneceu mais de 500 milhões de doses a países em desenvolvimento e anunciou que entregará US$ 3 bilhões em ajuda internacional nos próximos três anos para apoiar a recuperação desses países.
Os 21 líderes reconheceram “a importância de um ambiente de comércio e investimento livre, aberto, justo, não discriminatório, transparente e previsível, que possa ajudar a combater os impactos de longo alcance da pandemia da covid-19”.
Além disso, os membros da APEC concordaram em trabalhar em uma agenda de reformas estruturais para impulsionar a produtividade, a inovação e a digitalização a fim de assegurar o crescimento futuro.
ENCONTRO ENTRE XI E BIDEN
Ardern negou que a reunião virtual de duas horas e meia tenha mostrado quaisquer sinais de tensão entre Xi Jinping e Joe Biden, no primeiro encontro entre ambos em uma cúpula desde que o político americano chegou à Casa Branca.
Biden fez da concorrência estratégica com a China uma prioridade máxima da política externa e vê uma relação mais estreita com os países do Pacífico como necessária para frear as ambições comerciais e territoriais do gigante asiático.
Durante a cúpula, Biden tinha previsto detalhar o impacto que os seus planos econômicos poderiam ter na “prosperidade” da região do Pacífico e que justificar os esforços do governo americano para enviar um “arsenal de vacinas” e recursos contra a covid-19 para a região, de acordo com a Casa Branca.
A primeira cúpula de emergência na história da APEC contou também com a presença virtual do presidente da Rússia, Vladimir Putin, entre outros líderes do bloco, que representa 60% do produto interno bruto (PIB) mundial e 40% da população mundial.
Também estiveram presentes o presidente do Chile, Sebastián Piñera; o do Peru, Francisco Sagasti; e a secretária de Economia do México, Tatiana Clouthier, representando o presidente Andrés Manuel López Obrador.
Fundado em 1989, o fórum APEC é integrado por Austrália, Brunei, Canadá, Coreia do Sul, Chile, China, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Singapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã.