Os números crescentes da fome no Brasil medidos pelos institutos de pesquisa chegaram nesta quarta-feira (13/10) a marca dos 24 milhões de brasileiros que não sabem se vão comer nas próximas 24 horas.
Segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar do Instituto Penssan, outros 74 milhões de brasileiros acham que em breve também vão passar por dificuldades para se alimentar.
Os resultados da pesquisa mostram que a situação se agravou com a pandemia. 44,8% dos lares tinham seus moradores e suas moradoras em situação de segurança alimentar. Isso significa que em 55,2% dos domicílios os habitantes conviviam com a insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%).
Outra informação chocante é que além dos humanos, a falta ou deficiência de políticas públicas na área ambiental faz com que a fome no Brasil atinja também os animais. É a primeira vez que um país conhecido pelas suas florestas e biodiversidade passa por uma situação tão grave.
O Pantanal é, sem dúvida, o bioma mais atingido. Equipes de voluntários e ambientalistas trabalham há semanas resgatando e alimentando animais famintos e devastados pela seca que atinge pelo segundo ano consecutivo a planície pantaneira. Até jacarés têm sido removidos porque estavam desnutridos e desidratados, ou seja, morrendo de fome e sede. Ano passado eles se aglomeravam aos milhares em uma lagoa porque estavam morrendo de sede.
Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais estima que, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados morreram por causa das queimadas em 2020.
Ao verem a comida ofertada pelos humanos, “os animais chegam com uma voracidade alarmante, com o desespero da fome”, diz Graça, que é técnico da organização GRAD (Grupo de Resgate de Animais em Desastres).
“O Pantanal perdeu muita árvore frutífera, muito material verde e muita fauna também. Não é natural eles se aproximarem tanto da gente.”