O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM) disse em entrevista ao Correio Brasiliense que crescem as evidências de que o Ministério da Saúde nunca teve autonomia para agir no combate à crise sanitária. Na visão do presidente da CPI, “o ministro da Saúde é o Bolsonaro”.
Segundo o senador, as suspeitas são de que um gabinete paralelo, formado por médicos e assessores do Palácio do Planalto, é responsável por orientar as ações federais contra a covid-19. Nesse cenário, a recomendação e a distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença ganharam mais prioridade do que a aquisição de vacinas.
Para o presidente da CPI da Covid, está provada a existência do gabinete paralelo. “Até tem um vídeo, agora, do Arthur (Weintraub, ex-assessor da Presidência, convocado para depor na CPI) com outro cara falando “qual é a estratégia” (em uma live, Arthur dá detalhes de como um grupo de 300 pessoas aconselhou Bolsonaro em temas relacionados à pandemia). O presidente, o governador, o prefeito, eles têm que se curvar à ciência. Eu acho que a doutora Nise deve ser uma boa oncologista, mas de política pública sanitária, de política de infectologia, ela não entende nada. A outra lá (Luana Araújo) você viu a diferença do depoimento. Simples assim”, afirmou Aziz.
Aziz disse que tem muitas expectativas em relação ao novo depoimento que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestará à comissão na próxima terça-feira. A ideia é confirmar a tese de que não há autonomia para comandar a pasta no enfrentamento do novo coronavírus.
“A doutora Luana Araújo, infectologista, que esteve lá (na CPI), disse para mim: ‘Senador, o ministro Marcelo Queiroga é uma ótima pessoa, um ótimo profissional, trate ele com respeito, ele não merece isso’. Aí fiquei assustado porque ele não pode nomeá-la, e ela dá um depoimento desses. Isso é legal, mostra também que ele tenta, por um lado, fazer as coisas certas como médico. Ela fez um depoimento pessoal sobre o Queiroga; da forma como ela falou, é uma decência muito grande, porque ela foi preterida. Ela podia falar mal do Queiroga, mas não fez isso. O problema é que o Queiroga rema para um lado e a cúpula do governo rema para outro. Isso é ruim para ele” declarou o presidente da CPI.
O Ministro Marcelo Queiroga foi convocado para novo depoimento depois de os senadores independentes e de oposição concluírem que ele faltou com a verdade ao dizer que a cúpula do governo nunca interferiu no seu trabalho como ministro.
*Fonte: Correio Brasiliense