Vanuzia Costa Santos, de 50 anos, primeira indígena a ser vacinada contra a covid-19 no Brasil, definiu como “esperança” o que sentiu após receber a dose do imunizante. Moradora da aldeia multiétnica Filhos dessa Terra, localizada no bairro de Cabuçu, em Guarulhos, ela disse hoje, em entrevista à Globonews, que, apesar de ser uma mulher de fé, os conhecimentos milenares da sua ancestralidade não são suficientes para combater o vírus, mas “a vacina sim”.
“Eu sou um exemplo, sou indígena, sou uma mulher de fé, sou uma pessoa que preserva os ensinamentos dos meus parentes, da minha ciência, da minha ancestralidade e da minha crença. Mas só a minha crença e a minha ancestralidade não são suficientes para combater esse vírus, a vacina sim”.
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Vanuzia reforçou que ser imunizada não significa perder o conhecimento nativo dos “chás” e “ervas medicinais”. Ela também contou que, durante a infância, era levada para tomar vacina nas aldeias pela mãe, “uma indígena que não tinha estudo, mas acreditava na ciência”. “Sempre que precisava tomar vacina ela levava a gente, eu tenho uma marca no braço que a maioria dos brasileiros tem. A gente tomava vacina, por que não agora? Por que essa ignorância de pessoas dizendo que essa vacina veio para nos tirar a vida? Essa vacina veio para nos salvar.”
Durante a entrevista, ela fez um apelo aos parentes que disseram que não iam tomar a vacina contra a covid-19. “Disseram que essa vacina veio nos matar. Não veio”, reforçou. Técnica em Enfermagem e assistente social, Vanuzia atua como presidente do Conselho do Povo Kaimbé, originário do Nordeste. Em maio ela foi diagnosticada com covid-19 e relatou que a doença causou muita falta de ar, além de não ter conseguido recuperar até hoje o olfato e o paladar.
Fonte: UOL