A produção de motocicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM) fechou 2021 com crescimento de 24,2%, com 1,2 milhão de veículos, voltando aos níveis de antes da pandemia. No total, 1,2 milhão de motocicletas foram montadas no ano passado, conforme balanço divulgado nesta quinta-feira pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Só em dezembro, o setor fabricou 76,4 mil unidades, com alta de 3,9% em relação ao mesmo período de 2020. Na comparação com novembro, porém, houve queda de 32,9% na produção do mês passado em função das férias coletivas de fim de ano nas fábricas.
Só em dezembro, o setor fabricou 76,4 mil unidades, com alta de 3,9% em relação ao mesmo período de 2020 (Foto: Divulgação)
Depois de um início de ano com severas restrições de produção, principalmente por conta do colapso dos hospitais em meio à segunda onda da pandemia em Manaus, onde as montadoras estão instaladas, as fábricas de motos conseguiram recuperar volumes no restante de 2021. Nesta quinta, ao apresentar o balanço, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, disse que a falta de materiais que atingiu diversos setores industriais, inclusive as montadoras de carros, prejudicou menos a fabricação de motos.
Ele, no entanto, ponderou que houve dificuldades relacionadas ao fluxo de entrega dos componentes por conta de gargalos de logística. E com os protocolos de segurança limitando o ritmo nas fábricas, como a necessidade de distanciamento que reduz a concentração de operários nas linhas, a produção não conseguiu acompanhar o consumo, ainda aquecido em razão da demanda por transporte individual e do boom dos serviços de entrega (delivery) na pandemia.
Conforme Fermanian, o aumento do absenteísmo causado pela nova onda da pandemia – ou seja, funcionários que se ausentam das linhas porque foram contaminados pela Covid-19 – coloca um risco bastante alto de quebra de produção em janeiro.
Apesar disso, as previsões divulgadas nesta quinta pela Abraciclo apontam para um aumento de 7,9% da produção neste ano, com a indústria chegando a 1,29 milhão de motocicletas, o que significaria retomar o patamar de sete anos atrás, embora ainda muito distante das mais de 2,1 milhões de motos produzidas pelo setor em seu auge no início da década passada.
A projeção se sustenta pela demanda reprimida, já que, mesmo com a aceleração da produção, o setor segue com uma lista de espera estimada em 100 mil motos nas lojas. “Achávamos que essa pendência de entregas se atenuaria, mas ela foi aumentando mesmo com o crescimento da produção”, informou Fermanian.
A entidade, contudo, avalia que será possível eliminar o desabastecimento no mercado, dada a perspectiva de maior equilíbrio entre a oferta, em alta, e uma demanda que, junto com a inflação persistente, passa agora a sofrer impacto dos juros mais altos e da perda de tração da economia como um todo.
“É uma questão que nos aflige muito e já está batendo em nossa porta. Não falta crédito, mas certamente os nossos consumidores serão impactados pelo aumento do custo do dinheiro”, disse o presidente da Abraciclo ao falar sobre a escalada dos juros no financiamento de motos.
*Agência Estado