Um dia após o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir, em reunião tensa, que o presidente não menosprezasse a gravidade da pandemia do novo coronavírus em suas manifestações públicas, Jair Bolsonarofoi às ruas na manhã deste domingo, 29. Bolsonaro visitou vários comércios locais ainda abertos em Brasília e cumprimentou populares. Houve aglomerações para tirar selfies com o presidente. “O que eu tenho conversado com o povo, eles querem trabalhar. É o que eu tenho falado desde o começo. Vamos tomar cuidado, a partir dos 65 fica em casa…”, disse Bolsonaro, que completou 65 anos no último dia 21.
Na reunião de ontem, como revelou a colunista do Estado Eliane Cantanhêde, Mandetta alertou o presidente e os demais ministros: “Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?” Em outro momento, Mandetta deixou claro que, se o presidente insistisse em ir às ruas, seria obrigado a criticá-lo. E Bolsonaro rebateu que, nesse caso, iria demiti-lo. Mais tarde, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde foi incisivo e condenou atos pela abertura do comércio e disse que “os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa daqui a duas semanas”.
Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada pelo acesso à residência oficial da vice-presidência, o Palácio do Jaburu, evitando assim o contato com a imprensa. São poucos os estabelecimentos abertos neste domingo, porque a cidade cumpre decreto do governador, Ibaneis Rocha (MDB), que determina o fechamento de lojas e shoppings para evitar a circulação das pessoas e tentar controlar a propagação da covid-19. Apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar.
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O presidente saiu por volta de 9h30 e seguiu para um posto de gasolina. Bolsonaro desceu do carro para cumprimentar e tirar fotos com frentistas que estavam trabalhando. Também conversou com populares. Em seguida, visitou farmácia, padaria e uma mercearia no Sudoeste, bairro residencial que fica cerca de 10 km do Congresso Nacional.
O presidente foi ainda ao Hospital das Forças Armadas (HFA), onde esteve por cerca de 20 minutos, cumprimentou populares e profissionais que lá estavam. Segundo apuração do Estado, Bolsonaro foi conversar com médicos e enfermeiras e ver como estava o funcionamento do hospital.
Em seguida, o comboio presidencial seguiu em direção a Ceilândia, uma região administrativa de Brasília, que fica a cerca de 36 quilômetros do Palácio da Alvorada. Ceilândia é a cidade onde moram familiares da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O presidente passeou de carro pela região onde funciona uma feira, que está fechada em razão da determinação do governador. A chegada do presidente parou o local, reunindo várias pessoas que se aproximaram para tirar fotos. Ele parou para conversar com populares e com um vendedor de churrasquinho, que reclamou da paralisação do comércio, concordando com o discurso que vem sendo repetido pelo presidente nos últimos dias de que não é possível ficar parado.
O momento foi gravado e compartilhado pelo próprio presidente pelas redes sociais. “A morte está aí, mas seja o que Deus quiser. Só não pode ficar é parado, porque se não morrer da doença, vai morrer de fome. Eu prefiro morrer de nenhum jeito, né?”, disse o vendedor, antes de ser replicado por Bolsonaro: “Não vai morrer não”.
– Agora, Ceilândia/DF. pic.twitter.com/uGNSPoswBz
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 29, 2020
– Agora, em Taguatinga/DF. pic.twitter.com/oVRmRWPE11
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 29, 2020
*Agência Estadão