O espetáculo A Doente Hereditária, realizado pela KUMA Espaço de Criação, estreia no Teatro Américo Alvarez nos próximos finais de semana de agosto. Com um elenco formado por atores e atrizes trans, além de uma equipe criativa majoritariamente trans e LGBTQIAPN+, o projeto é a concretização de um sonho de Mariellen Kuma. A dramaturgia foi desenvolvida em 2022, em parceria com Dimas Mendonça, e em 2024, o espaço pôde realizar as audições e iniciar o processo de preparação.
“Dimas traz um texto que nos faz rir de pessoas que, apesar de muito eruditas, não conseguem lidar conosco (corpas dissidentes). Para mim, é um respiro de ar novo, poder atuar em ‘parece que não tenho autorização para estar aqui’ e agora dirigir esta produção maior. É um suspiro de alívio ver nossas vozes tomando protagonismo. E tudo isso é possível graças às ações afirmativas da Lei Paulo Gustavo, que nos permitiu acessar um edital LGBT+ incluindo cotas para pessoas trans,” comenta Mariellen Kuma.
A Doente Hereditária é uma adaptação do texto O Doente Imaginário, de Molière, feita por Dimas Mendonça. A comédia narra a história de Dona Mimi Feitosa, uma mulher da alta sociedade que acredita estar constantemente adoentada. Seus sintomas imaginários perturbam seu corpo e mente, levando-a a questionar sua moral e ética. O dramaturgo comenta sobre o processo de adaptação, onde a temática satiriza o preconceito velado.
“O teatro preserva tantos espaços que resistem à transformação. Nós brincamos com isso ao trazer um texto clássico de um autor clássico e subverter o discurso, usando esse espaço para dizer o que ainda não foi dito, de maneiras que ainda não foram feitas, com pessoas que ainda não contaram suas histórias dessa perspectiva,” diz Dimas Mendonça.
As apresentações acontecem nos dias 16, 17, 23 e 24 de agosto, às 20h, com entrada gratuita.