Após 35 anos da construção das Usinas Hidrelétricas (UHEs) de Balbina e Pitinga, distritos de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), os peixes endêmicos que viviam na região não estão mais presentes naquela área. Essa é a conclusão do projeto de pesquisa que visa entender esse cenário. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o projeto é coordenado pela pesquisadora Lúcia Rapp Py-Daniel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e por Douglas Bastos, bolsista de pós-doutorado do projeto Fapeam, em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Intitulado “Peixes reofílicos do rio Uatumã: avaliando o status de conservação após 35 anos da construção das UHEs Balbina e Pitinga, Amazonas, Brasil”, a proposta da pesquisa era avaliar a permanência de sete espécies endêmicas originalmente descritas apenas do rio Uatumã, um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Amazonas, cuja biodiversidade foi afetada pela construção das usinas. Os primeiros resultados de campo indicaram que as espécies ameaçadas de extinção, descritas antes da construção das barragens, não foram mais encontradas na região.
Douglas Bastos explica que a maioria dos peixes reofílicos — que habitam exclusivamente cachoeiras e trechos de águas rápidas — do rio Uatumã são conhecidos apenas por material-tipo, coletado durante o inventário das UHEs. Esses exemplares têm um enorme valor biológico e, segundo ele, são necessários novos esforços para encontrar essas espécies na localidade-tipo e em tributários que não sofreram os impactos das hidrelétricas. O rio Abacate e o rio Jatapu são exemplos de afluentes do rio Uatumã que não foram afetados.