A jornalista Juliana Dal Piva é a convidada desta terça-feira do programa DR com Demori, da TV Brasil. Ela falou sobre os bastidores de suas investigações envolvendo a família Bolsonaro e os desafios enfrentados ao longo do processo. Durante a conversa, ela também apresentou seu novo livro, que trata do assassinato de Rubens Paiva durante a ditadura militar e discutiu a importância da responsabilização por crimes contra a humanidade.
Conhecida por seu trabalho investigativo, Juliana foi responsável por reportagens que deram origem ao podcast A Vida Secreta de Jair e ao livro O Negócio do Jair. Ao conversar com o jornalista Leandro Demori, ela afirmou que o material reunido revelou a existência de um esquema de desvio de salários envolvendo gabinetes da família Bolsonaro desde os anos 1990. “Era um esquema único em que o pai botou os filhos na política para enriquecer e criar tanto um poder político quanto um poder financeiro”, afirmou.
A investigação, que começou com o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, revelou uma estrutura mais ampla.
Segundo Juliana, o uso de dinheiro em espécie era uma prática constante nos esquemas envolvendo os gabinetes da família. “A família Bolsonaro tem alergia ao sistema bancário”, afirmou, em tom crítico.
De acordo com a jornalista, imóveis e outros bens eram adquiridos com grandes quantias em dinheiro vivo, numa tentativa de driblar os sistemas de controle financeiro e dificultar o rastreamento das operações.
Além das reportagens sobre a família Bolsonaro, Juliana também se dedicou à cobertura do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ao comentar as investigações, Juliana Dal Piva afirmou que o caso expôs falhas estruturais no sistema de segurança pública do Rio de Janeiro.
Segundo ela, a condução inicial da apuração demonstrou sinais claros de contaminação e omissão. “O fato dessa investigação não ter conseguido esclarecer desde o início mostra a contaminação dela em si”, disse.
No final da conversa, Juliana apresentou seu novo livro, Crime sem castigo – Como os militares mataram Rubens Paiva, publicado pela Matrix Editorial. A obra reconstrói as quatro décadas de busca da família Paiva por justiça, revelando documentos até então inéditos sobre a repressão durante a ditadura militar.
Segundo a jornalista, o caso é emblemático por ser o primeiro homicídio do período ditatorial a ser processado judicialmente no Brasil e pode abrir caminho para reinterpretações da Lei da Anistia. “Pode abrir agora justamente a possibilidade da discussão do alcance da lei de anistia, para que realmente os torturadores possam ser julgados por crimes que não devem ser anistiados”, afirmou.
O programa DR com Demori vai ao toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil, no aplicativo TV Brasil Play e no YouTube da emissora pública. Também é veiculado nas rádios Nacional FM e MEC.
Agência Brasil