19 de abril: projeto cuida da saúde mental indígena durante a pandemia

Abril de 2021 marca o encerramento oficial do Projeto PIACC que cuida da saúde mental indígena Foto: Mídia Ninja
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Uma das graves consequências da pandemia de COVID-19 foi o prejuízo psíquico causado a cidadãos de todo o mundo. Mortes, isolamento social, lockdown, trabalho remoto e as incertezas de uma nova doença causaram aumento nos índices de ansiedade e depressão.

Os povos indígenas da Amazônia também vêm sofrendo com as adversidades trazidas pelo coronavírus. Até o dia 13 abril, foram mais de 37 mil casos confirmados de COVID-19 entre indígenas amazônicos, com 894 falecimentos em 150 povos diferentes.

Cuidar da saúde mental indígena neste momento é, portanto, uma tarefa inescapável. Para lidar com este problema, organizações parceiras, entre elas a COIAB, estruturaram o projeto Povos Indígenas da Amazônia Contra a COVID-19 – PIACC.

Executado entre novembro de 2020 e abril de 2021, ele uniu esforços de especialistas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) que, com apoio financeiro da USAID, promoveram um curso e oficinas virtuais voltadas para o bem-estar, promoção da saúde mental e prevenção a violências contra mulheres e crianças entre os povos indígenas.

Acolhimento

“A pandemia e o isolamento social causaram uma enorme desorganização das rotinas das comunidades e das aldeias. Houve perda de vidas, problemas de saúde mental, acirramento de conflitos. Então tentamos gerar, mesmo que virtualmente, ambientes de acolhimento e estimular a criação de redes e grupos de apoio. Isso de fato aconteceu, com relatos, falas claras sobre esse assunto e discussões sobre a proteção da criança e do adolescente, do respeito aos direitos”, afirmou a Coordenadora-Executiva do PIACC, Suzy Evelyn Silva.

As oficinas ocorreram de maneira virtual, por conta da pandemia, e reuniram caciques, lideranças mulheres, mães e representantes de associações e comunidades, assim como os 31 participantes da Rede de Jovens Comunicadores Indígenas da COIAB.

Esses momentos se desdobraram ainda em produtos como podcasts, vídeos, animação, cartilhas e cartazes de prevenção à violência contra a mulher, a criança e ao adolescente. Esses produtos foram traduzidos para línguas indígenas e serão distribuídos em comunidades e entidades parceiras locais.

Desafios

A empreitada não ocorreu sem dificuldades: “Executar este projeto foi um grande desafio para a COIAB, uma vez que o movimento indígena é acostumado a trabalhar com reuniões presenciais. Tivemos que nos reinventar, oferecer oficinas virtuais para regiões com dificuldade de acesso à Internet e com participantes que não falavam tão bem o português”, contou Suzy.

Juciele Aguiar Moura, 25, é do povo Tukano e mora em São Gabriel da Cachoeira, no extremo norte do Amazonas. Ela participou de uma das rodas de conversa que tratou da saúde mental indígena durante a pandemia e da psicologia da floresta.

“O que os outros partilham sempre nos enriquece, o partilhar de conhecimentos fortaleceu a nossa saúde mental. Os especialistas falaram que todos nós precisamos ter esses momentos de olhar para dentro, interiorizar algumas questões. Esse tempo de COVID-19 exige muita atenção, muita conexão e achei muito bom que os instrutores chamaram a atenção dos jovens para o cuidado, para o cuidar de si e da comunidade”, disse a jovem Tukano.

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Interculturalidade

O projeto Povos Indígenas da Amazônia Contra a COVID-19 – PIACC teve também outras linhas de trabalho. Além das oficinas que resultaram na produção dos produtos de comunicação, a iniciativa também distribuiu mais de 53 mil kits de higiene a famílias do Amazonas, Pará, Roraima, Acre e Amapá.

Para a pesquisadora em saúde pública Michele Rocha, que coordenou o projeto pela ILMD/Fiocruz, o projeto PIACC teve como um dos seus grandes destaques o curso Bem Viver: Saúde Mental Indígena – uma ação que levou a mais de 2,5 mil cuidadores e profissionais que atuam na Saúde Indígena orientações sobre bem-estar, promoção da saúde mental e prevenção a violências entre os povos originários brasileiros.

Esse curso foi preparado por profissionais da Fiocruz e da COIAB – que trabalharam em parceria respeitando os preceitos da interculturalidade, da troca de saberes e vivências e da aliança entre as ideias científicas e as práticas do conhecimento tradicional.

Compartilhamento

“O projeto PIACC foi uma grande oportunidade de conhecimento e troca de saberes. Isso ocorreu tanto no intenso trabalho dos mobilizadores indígenas nos territórios quanto na elaboração do curso Bem Viver, com a construção coletiva dos profissionais de várias etnias que compunham a equipe de professores e revisores interculturais. Foi um grande exercício para nós, da Academia, de compartilhamento de saberes, mas também de percepção das nossas ignorâncias”, explicou Michele.

A pesquisadora sentiu ainda que o empoderamento das vozes dos profissionais indígenas foi outro ponto importante: “No início poucos professores indígenas queriam apresentar as videoaulas, mas à medida que foram vendo a participação dos parentes, eles também se encorajaram e depois disseram o quanto se sentiram valorizados e ouvidos”.

Para o coordenador do projeto PIACC por parte do UNICEF, Thiago Garcia, um dos grandes legados deste projeto foi a estruturação das redes e grupos: “A estruturação da rede de jovens comunicadores indígenas, por exemplo, é algo sobre a qual todos nós sentimos algo especial. Entendemos que é uma rede que deve ser fortalecida e continuada e que deve se manter funcionando”.

Mobilização

Thiago afirmou ainda que essa foi a maior parceria já feita pelo UNICEF junto a uma organização indígena no Brasil e que esta parceria ampla trouxe diversos ensinamentos às instituições envolvidas. “Foi muito importante termos profissionais indígenas participando de todo o processo, sendo executores e implementadores e somando suas expertises aos técnicos e especialistas envolvidos neste trabalho”, disse o coordenador.

Abril de 2021 marca o encerramento oficial do projeto. Sua equipe trabalha agora com algumas atividades finais, prestações de conta e entrega dos últimos produtos.

Segundo a Coordenadora-Executiva Suzy Evelyn Silva, no entanto, já existem conversas para manter a mobilização feita durante o PIACC: “Percebemos que existe espaço para desenvolvermos outros projetos, para criar e estruturar as redes que surgiram nessas conversas. Estamos cheios de ideias e estamos conversando com os parceiros, vendo como trabalhar essas várias possibilidades”.

*Fonte: Coiab

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