O 2º Curral do Garantido da temporada 2023, realizado no sábado (22/04), no Sambódromo, teve um momento especial.
Indígenas da etnia kokama subiram ao palco e deram seu recado. Dançando, cantando e falando, lembraram o 19 de Abril, destinado à celebração dos povos indígenas do Brasil.
A homenagem ao levantador Carlinhos do Boi também foi uma noite de celebração, comemoração e alerta pelos povos originários.
“Falar dos povos indígenas é falar da Resistência, é falar da luta, é falar de um povo milenar, é falar da nossa cultura, é falar dos nossos ancestrais. Já habitávamos nessa terra muito antes da descoberta do Brasil, essa Mata essa terra foram palcos de guerra. Viva os povos originários da floresta. viva a nossa resistência. Vidas indígenas importam”, disse o indígena Ícaro Lucas, ou Mapo Kokama, na língua indígena.
Em seguida o cacique Eliziário Kokama leu um texto em sua língua materna e todo o grupo cantou e dançou dividindo o palco com Carlinhos do Boi, o homenageado da noite. A toada “Lamento de Raça”, do poeta e compositor Émerson Maia, falecido em 2020, formou a trilha sonora deste momento tribal da noite.
O líder indígena elogiou a iniciativa de ter um momento tribal no Curral do Garantido. “O Garantido sempre teve o compromisso de mostrar nossa cultura para o mundo, e não apenas nossa cultura, também a resistência do nosso povo, que luta pela igualdade, pela sustentabilidade, e pelo bem estar social”, comentou o cacique Kokama.
Sabá deu o recado
Em outro momento da noite, já na apresentação de Sebastião Júnior, o grupo voltou ao palco desta vez para encenar sob a trilha de “Índio do Brasil”, composição de Geandro Pantoja e Demétrios Haidos que marcou o ano de 2004, quando o Garantido apresentou o tema “Amazônia, Coração brasileiro”.
O levantador oficial do Garantido anunciou o momento dizendo que era uma homenagem justa e obrigatória.
Comemoração e alerta
Ìcaro Lucas, que também canta toadas de boi, se disse muito feliz com aquela apresentação, mas lembrou que os problemas enfrentados pelos povos indígenas não podem ser esquecidos e têm que estar no roteiro dos eventos realizados pelos bois-bumbás.
“É muito bom estar aqui mostrando um pouco da nossa ancestralidade, mas muito ainda precisa ser feito. Nós, os indígenas, ainda somos desrespeitados e ignorados por muitos e continuaremos lutando pelos nossos direitos” declarou Lucas.