Os animais silvestres que vivem nos entornos da BR-319 agora vão poder atravessar com mais segurança devido a primeira passagem superior exclusiva para eles. A passarela foi instalada na quinta-feira (27/07) em um trecho não pavimentado.
Construída na altura da copa das árvores, a estrutura foi planejada para atender especialmente a fauna arborícola, ou seja, os animais que só se locomovem pelo alto.
A Wildlife Conservation Society (WCS), ONG responsável pela instalação, explicou que a passagem é a primeira estrutura implementada em uma rodovia federal ainda não pavimentada no Brasil.
Conforme o diretor de Conservação da WCS, Marcos Amend, a implantação da estrutura emprega uma tecnologia inédita no país e busca compor as medidas de mitigação dos impactos diretos da BR-319, que está em processo de licenciamento para repavimentação.
“É uma área que ainda tem florestas bem preservadas, mas além dos impactos diretos da obra, só a perspectiva da pavimentação da estrada já gera uma pressão pela ocupação e, junto com essa ocupação, vem o desmatamento, grilagem de terra. Na Amazônia, precisamos nos preparar para proteger áreas que não estão isoladas. Temos que criar estratégias que preparem o contexto da estrada, a governança e as ações de mitigação de impactos diretos e indiretos da rodovia”, disse Amend, por meio da assessoria de imprensa.
A passarela foi instalada no quilômetro 272, na altura da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó-Açu, no chamado “trecho do meio” da BR-319, rodovia que liga Manaus, capital do Amazonas, e Porto Velho, capital de Rondônia.
A passagem de fauna da BR-319 foi projetada considerando a locomoção do macaco barrigudo (Lagothrix lagotricha), e do macaco aranha da cara preta (Ateles chamek), considerados, respectivamente, como “vulnerável” ao risco de extinção e “em perigo”, de acordo com a Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN).
“Além destas duas espécies prioritárias presentes na região, também serão beneficiados o macaco zogue-zogue, macaco prego, bugios, mico de cheiro, sauim-da-boca-branca, e uma infinidade de outros primatas, marsupiais, roedores como ouriços cacheiros e, eventualmente, répteis arborícolas”, informou a WCSl.
Segundo a instituição, esses animais sofrem com mortalidades não naturais, provocadas pela atividade humana, categoria na qual se enquadram os grandes empreendimentos que cortam áreas de floresta, como as rodovias e ferrovias na Amazônia.