Autoridades russas rotularam, o jornalista Dmitry Muratov, vencedor do Prêmio Nobel, como um “agente estrangeiro”, uma medida frequentemente adotada contra os críticos das políticas do Kremlin.
Agências de notícias russas citaram o Ministério da Justiça dizendo que Muratov, editor do jornal independente Novaya Gazeta e co-laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 2021, foi um dos vários cidadãos russos adicionados à lista.
Os chamados “agentes estrangeiros” foram sujeitos a revistas policiais e outras medidas punitivas.
Em entrevista ao Correio Braziliense , Muratov diqque que o Novaya Gazeta foi alvo de um ataque químico. “Um cara veio até a nossa redação e arremessou uma substância química. Ninguém ficou gravemente ferido, mas esse atentado foi uma mensagem para que interrompêssemos nossas atividades”, disse Martynov. Ele relatou que, meses antes da eclosão da guerra, a polícia russa começou a inventar casos criminais contra jornalistas. “Os agentes vão até sua casa, levam seu celular e seu notebook e tentam encontrar algo que o incrime.”
Martynov lembrou que, em 6 de março de 2022, dez dias depois da invasão à Ucrânia, Putin criou uma lei proibindo jornalistas de usarem o termo “guerra” e obrigando-os a se referirem à ação bélica como “operação militar especial”. “As autoridades nos forçam a usar uma única fonte oficial ao cobrirmos qualquer história relacionada à guerra”, denunciou. Segundo o ex-editor, muitos jornalistas estão presos, e centenas viram-se obrigados a fugir do país.
Para Martynov, o governo Putin tem lutado contra a liberdade de expressão e adotado leis e práticas que baniram o execício do jornalismo livre. “Mesmo antes da guerra na Ucrânia, houve uma enorme campanha contra jornalistas. O Ministério da Justiça russo rotulou vários colegas de agentes estrangeiros, o que é uma ideia incrivelmente estúpida, além de inconstitucional e fora do senso comum”, afirmou o representante da Novaya Gazeta. “Nossas publicações são marcadas e precisamos fornecer todas as nossas contas bancárias ao Ministério da Justiça, quatro vezes por ano. Isso é totalmente ilegal, pois viola a privacidade. Também ficamos impedidos de trabalhar em universidades.”