O gelo marinho que circunda a Antártida atingiu este inverno os níveis mais baixos já registrados, alertou o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC) nessa segunda-feira (25/09), aumentando a preocupação dos cientistas em relação aos impactos das mudanças climáticas no Polo Sul.
Pesquisadores apontam que essas mudanças podem ter implicações significativas para a fauna antártica, como os pinguins, que dependem do gelo marinho para reprodução e criação de seus filhotes, além de agravar o aquecimento global, já que a diminuição do gelo reduz a quantidade de luz refletida de volta ao espaço.
Os dados mostram que o gelo marinho da Antártida atingiu seu máximo neste ano em 10 de setembro, cobrindo 16,96 milhões de quilômetros quadrados, o menor valor para um inverno desde que as medições por satélite começaram em 1979, de acordo com o NSIDC. Isso representa cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior de 1986.
Walt Meier, cientista sênior do NSIDC, enfatizou: “Não é apenas um ano de recorde, é um ano de quebra extrema de recorde”. Embora as mudanças climáticas estejam causando o derretimento das geleiras da Antártida, há pouca compreensão sobre o impacto das temperaturas mais altas no gelo marinho circundante. A extensão do gelo nessa região cresceu entre 2007 e 2016.
No entanto, a recente tendência de recordes mínimos de gelo marinho nos últimos anos tem levantado preocupações de que as mudanças climáticas possam estar finalmente começando a impactar o gelo marinho da Antártida. Estudos sugerem que o aumento das temperaturas oceânicas, em grande parte devido às emissões de gases de efeito estufa, tem contribuído para a redução do gelo marinho desde 2016.
Ariaan Purich, da Universidade Monash, na Austrália, coautor de um estudo sobre o assunto, ressaltou a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, afirmando que “a mensagem-chave aqui é que precisamos proteger essas partes congeladas do mundo, que são muito importantes por vários motivos”.