Em entrevista, nesta quarta-feira (17), durante um debate com a jornalista Miriam Leitão, o ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, foi questionado sobre os incentivos à Zona Franca de Manaus. O homem forte do governo federal respondeu: “Você vai mexer na Zona Franca de Manaus? Não, não vou mexer na Zona Franca de Manaus. Está na Constituição, está lá!”, disse o ministro. E completou com o que seria o fim do modelo “Mas e se os impostos caírem todos para zero no Brasil? Eu não mexi com a Zona Franca”, completou Guedes.
Pressionado pelos entrevistadores ele ainda disse: “Quer dizer que o Brasil não pode ficar mais eficiente para manter a Zona Franca de Manaus? Miriam Leitão inflama: “Então economizou R$ 25 bilhões? E ele responde: “A Zona Franca de Manaus fica do jeito que ela é, ninguém nunca vai mexer com ela, mas isso quer dizer que eu não vou simplificar impostos no Brasil por que se não… Eu tenho que deixar o Brasil ferrado, bem desarrumado, senão não tem vantagem pra Manaus”, finaliza Guedes.
O discurso do ministro da Economia caiu como uma bomba no meio político do Amazonas e recebeu críticas de diversos parlamentares.
Um deles foi o senador Omar Aziz (PSD-Am), nesta quinta-feira (18), ele atacou o ministro Paulo Guedes. O senador chamou o ministro de “Anti-republicano e disse que ele “não tem compromisso com o Brasil, tem compromisso com os banqueiros”.
Além disso, como congressista, Omar ameaçou atrapalhar a vida do governo federal no Congresso Nacional. “Oito votos dos deputados federais e três votos dos senadores muda uma composição numa votação da reforma de Previdência. Nós não temos bancada de de 40, 50 deputados, mas temos hoje as presidências de importantes comissões no Congresso”, advertiu o senador.
O senador Eduardo Braga desafiou o ministro para um debate sobre o modelo Zona Franca de Manaus. Em postagem sem seu twitter, “Nós, amazônidas, lançamos ao senhor um desafio: nos chame para um debate aberto e aprenda conosco a fazer a economia crescer sem colocar em risco esse patrimônio que, por incrível que pareça, também é seu”, disse. Ele alertou ainda sobre o fim do acordo bilateral entre Brasil e Paraguai. Com 50% da energia de Itaipu, o país vizinho poderá fazer Zona Franca. E a 800 quilômetros do maior mercado consumidor do Brasil, que é São Paulo.
O senador Plínio Valério (PSDB) respondeu: “A bancada do Amazonas dará resposta a altura”, postou.
Já o deputado federal Sidney Leite (PSD) afirmou que a bancada do Amazonas não vai aceitar, passivamente, que o ministro Paulo Guedes não considere o Amazonas como parte do Brasil. E, que, tanto de forma individual, quanto em grupo, os deputados do Amazonas vão lutar dioturnamente para o modelo econômico da região ser extinto, como planeja o ministro.
O deputado federal Marcelo Ramos (PR) classificou como irresponsável a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra a Zona Franca de Manaus. “É insensível, de alguém que desconhece a realidade do Amazonas”, disse. Ele disse ainda que o discurso de Paulo Guedes só reflete o que pensa o governo federal sobre o Amazonas. “Todo discurso de Paulo Guedes trata o Amazonas como se o Estado fosse fora do Brasil. Não há proposta que seja boa para o Brasil, que não seja para o Amazonas. O Amazonas é um dos setores estratégicos mais importantes do Brasil para o mundo, explicou.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, foi outro que reagiu às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. E também atribuiu os ataques a falta de conhecimento do ministro sobre a região. “O que espero de Guedes é que ele reconheça o peso do Polo Industrial de Manaus, como faz a Organização Mundial do Comércio, a OMC, na manutenção da floresta em pé”, disse o prefeito
“Como diz o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, Márcio Holland, o problema é que, de cada 100 economistas brasileiros, 110 nunca pisaram na Amazônia. Se o ministro (Paulo Guedes) fechasse os olhos por alguns minutos, em meditação, e imaginasse que tamanho de prioridade a Alemanha daria à Amazônia se esta fosse território seu, certamente compreenderia o desperdício que, governo após governo, o Brasil pratica em relação a sua região mais rica e estratégica”, alertou Arthur Neto.
Por Jefferson Muniz