O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia,já havia criticado a nota no fim de semana. Maia disse que “a ameaça é muito ruim, não é esse o caminho”. Para Rodrigo Maia, o ministro do Supremo não se excedeu ao encaminhar o pedido à PGR para dar opinião sobre a entrega do aparelho. Segundo ele, uma conversa entre o Ministério da Justiça e Celso de Mello poderia ser melhor do que uma ameaça por nota ao STF.“Isso só afasta o STF do governo e cria mais instabilidade no momento de hoje”, ponderou o presidente da Câmara.
Líderes de diversos partidos anunciaram que vão apresentar requerimento de convocação do ministro. A líder do PCdoB da Câmara, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), avaliou que o ministro fez ameaças por meio da nota e quer que Heleno preste esclarecimentos. A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), afirmou que são “tristes tempos em que um ministro ameaça de golpe um país por meio de nota oficial”. Em suas redes sociais, a deputada também defende a responsabilidade histórica da classe política de contrapor esse movimento. O líder do PT, deputado Enio Verri (PT-PR), fez um apelo aos Poderes da República para que não se calem “diante da ostensiva ameaça à democracia, produzida pelo general Heleno”.
O líder da oposição, deputado André Figueiredo (PDT-CE), afirmou que a nota mostra o pouco apreço de Heleno “pela responsabilidade em resguardar a estabilidade democrática”. “Ameaças explícitas de desdobramentos imprevisíveis vindas de um ministro precisam ser devidamente apuradas e condenadas”, publicou o deputado, em suas redes sociais.
Ex-apoiadora do governo, a líder do PSL, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), considerou a nota “uma clara ameaça do comandante do GSI”. “Quais seriam as consequências imprevisíveis, general Heleno? Vão desengavetar aquele ato institucional que dorme há meses na gaveta?”, indagou a deputada.
Representação
O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), anunciou em nota que vai representar contra o ministro Augusto Heleno na Procuradoria-Geral da República. A ação, segundo Molon, será com base na Lei de Segurança Nacional.
O líder vê com imensa preocupação que representantes do Poder Executivo estejam usando seus cargos para “ameaçar e intimidar os demais poderes da República, em especial o Poder Judiciário, sem qualquer apreço à democracia”.
“A ameaça de golpe feita pelo general Heleno é um crime contra a segurança nacional. A democracia brasileira não pode se curvar neste momento, sob o risco de cruzarmos a última barreira que distingue a nossa democracia de um regime totalitário. É preciso frear os arroubos autoritários do governo Bolsonaro”, diz a nota do parlamentar.
Fonte: Agência Câmara de Notícias