Em novembro de 2020, foi criado o serviço de telemonitoramento de pacientes com tuberculose. O sistema já atendeu 1.276 pessoas na rede de saúde manauara.
Atualmente, 723 pacientes estão sendo monitorados no serviço disponibilizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Segundo a secretária Shádia Fraxe, o serviço foi instituído para fortalecer o acompanhamento dos pacientes a partir do contato por telefone, mesmo no período de pandemia da Covid-19, quando muitas pessoas evitaram procurar uma Unidade de Saúde pelo risco de contaminação.
Atendimento
Para executar o serviço de telemonitoramento, a Semsa disponibiliza uma equipe formada por dois médicos infectologistas, dois pediatras e um enfermeiro, que fazem contato com o paciente por telefone pelo menos uma vez ao mês, acompanhando o tratamento medicamentoso, que dura no mínimo seis meses.
No total, já foram realizadas 5.382 ligações com sucesso pelo serviço, sendo 339 em 2020, 4.276 no ano passado e 767 este ano.
“Em cada ligação telefônica, o profissional de saúde reforça as informações sobre a doença, o tratamento e a importância da avaliação dos contatos intradomiciliares do paciente, já que pode ocorrer a transmissão da doença entre pessoas que convivem de maneira próxima”, explica o chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose da Semsa, enfermeiro Daniel Sacramento.
Para a médica infectologista Silvana de Lima e Silva, que atua no telemonitoramento da tuberculose, o serviço vem sendo importante por ultrapassar barreiras geográficas, usando a tecnologia a favor da saúde dos pacientes, mesmo à distância.
“Muitos têm dúvidas sobre as reações adversas dos medicamentos e em relação ao período de transmissão da doença. Então, nesse momento podemos orientar melhor sobre esses e outros aspectos, direcionando o atendimento a cada realidade encontrada”, afirma.
A médica informa ainda que a principal dificuldade na execução do serviço é a frequência com que os pacientes trocam de número de telefone e que muitos deixam de atender as chamadas:
“Isso dificulta o contato com os pacientes, retarda o atendimento e pode prejudicar a intervenção em saúde. Não é raro fazermos o contato um dia e dias depois aquele telefone ter sido trocado”, explica.
Casos
Manaus é a capital brasileira com a maior taxa de incidência da doença e o serviço foi criado com intenção em reverter o quadro.
No ano de 2019, a Semsa realizou 11.515 exames de pacientes sintomáticos respiratórios (pessoa com tosse por duas semanas ou mais). Em 2020, quando iniciou a pandemia da Covid-19 e houve redução na procura por exames nas UBSs, foram realizados 7.991 exames. Em 2021, o número de exames de sintomáticos respiratórios chegou a 9.872.
“Houve aumento em 23,5% o número de sintomáticos respiratórios examinados em 2021, quando comparado ao ano de 2020. Para 2022, a meta é superar o ano de 2019, período pré-pandemia da Covid-19, quando houve a melhor avaliação do indicador com 11.515 pacientes examinados na Atenção Primária em Saúde”, afirma Sacramento.
Com maior número de exames realizados, houve também aumento na detecção de casos no ano passado, com registro de 2.316 casos novos de tuberculose em Manaus, representando uma taxa de incidência de 102,7/100 mil habitantes.
“Em relação a 2020, houve aumento de 11,6% de casos notificados, e uma equiparação aos casos diagnosticados em 2019. No início deste ano, Manaus já registra 279 casos novos da doença”, informa o enfermeiro.