Os Estados mais impactados foram aqueles que são abastecidos por empresas não relacionadas com a Petrobrás
Desde as primeiras especulações dos conflitos envolvendo Rússia e Ucrânia, impactos econômicos já vinham sendo percebidos pelo mundo. No dia 24 de fevereiro, o primeiro bombardeio russo na região da Ucrânia, teve consequências imediatas no preço do barril de Brent, que chegou a US$ 100 pela primeira vez desde 2014. Agora, após quase duas semanas desde o início da invasão russa, o barril Brent atingiu o valor de US$ 130 e o consumidor brasileiro começa a sentir os impactos nos preços dos combustíveis pelo país.
De acordo com Ricardo Lerner, executivo do setor de logística de combustíveis e CEO do Gasola, uma startup focada em realizar negociações democráticas entre transportadoras e postos de combustíveis, “estamos tendo aumentos recorrentes e a tendência é termos ainda mais. Os Estados mais impactados foram aqueles que são abastecidos por empresas não relacionadas com a Petrobrás, como a Bahia por exemplo, que teve um aumento de mais de R$1,00 no diesel desde o início da guerra. Em outros estados, os aumentos variam entre 0,08 e 0,30 centavos por litro. Qualquer aumento que a Petrobras repassar será sentido imediatamente em todos os postos.”
Além disso, por conta das consequências sofridas pela Rússia por começar o conflito, a falta de combustíveis, que antes era vista como uma possibilidade distante, se transformou em uma preocupação real. Segundo o CEO do Gasola, isso se deve por dois fatores principais. “As Sanções Bloqueios a Rússia, diminuem a oferta enquanto a demanda se mantém. Isso aumenta o preço do petróleo mundialmente. Se a Petrobras não repassar o preço ao consumidor, passa a valer mais a pena exportar para outros países do que vender no mercado interno.”
Na última segunda-feira, 7, o Palácio do Planalto convocou especialistas do mercado de óleo e gás a fim de ouvir sugestões para solucionar o choque de preços dos combustíveis em função da alta do petróleo no mercado internacional. “Simplesmente um congelamento de preços da Petrobras influenciado pelo governo não acredito ser uma boa solução. Uma das alternativas factíveis que estão sendo estudadas é a conversão do lucro que o Brasil está tendo com a exportação de petróleo em alta para subsidiar parte do aumento que será feito ao consumidor final”, explica, Ricardo.
Em uma semana a moeda russa, o rublo, desvalorizou cerca de 60%, e empresas de todo o mundo frearam suas atividades no país. Nesta terça-feira, dia 08, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden proibiu a importação de petróleo, gás natural e carvão da Rússia.