Estudo da Ufopa alerta para perigos do mercúrio no rio Tapajós

Estudo mostrou uma alta concentração de mercúrio (Hg) no sangue de residentes de áreas urbanas e ribeirinhas do Baixo Tapajós - Foto: Zig Koch/ WWF-Brasil
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Um estudo realizado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou uma alta concentração de mercúrio no sangue dos residentes próximos ao rio Tapajós.

O metal auxilia na extração de ouro, prática do garimpo, e foi encontrado em quase toda a população de amostra do grupo, que é de 462 participantes, sendo 203 da área urbana de Santarém (PA) e 259 das comunidades ribeirinhas.

Riscos à saúde

A coordenadora do estudo, a professora Heloisa do Nascimento de Moura Meneses acredita que mesmo que os garimpos não estejam próximos ao Baixo Tapajós, os dados mostram que a população está exposta aos efeitos da contaminação mercurial.

“A contaminação ambiental por mercúrio é silenciosa, sem cor e odor, mas seus efeitos podem ser de longo prazo, inclusive comprometendo o feto, o recém-nascido e a criança e podem ser confundidos com outras doenças”, explica a professora Heloisa.

No corpo humano, a alta concentração de mercúrio pode causar danos principalmente ao sistema nervoso central, fígado, rins, os sistemas cardiovascular, gastrointestinal e imunológico também podem ser prejudicados.

E também cita outros agravantes como as queimadas e o desmatamento na área.

As atitudes insustentáveis trazem grandes riscos à saúdo do ecossistema
Foto: Adriano Gambarini/ WWF-Brasil

“O mercúrio vem sendo lançado no leito do rio e se transformando em material orgânico, assim ele passa a integrar a cadeia alimentar, contaminando os peixes que vivem no rio. Por isso, é urgente interromper as atividades garimpeiras ilegais na nossa região”, destaca Juci Bentes, ativista ambiental do Coletivo Jovem Tapajônico.

O consumo de peixe não se restringe aos ribeirinhos, indígenas ou quilombolas, mas é uma características regional, apreciada também pela população urbana.

Problema antigo

A pesquisadora da Fiocruz Sandra Hacon lembra que a contaminação por mercúrio pela exploração do garimpo na Bacia Amazônica, especificamente no rio Tapajós, já acontece desde a década de 1980.

De acordo com ela, os primeiros estudos publicados no início dos anos 1990, por instituições nacionais e internacionais, já apontavam elevados níveis do metal em peixes e nas populações indígenas.

O que considera como uma questão de saúde pública grave, “considerando a propriedade neurotóxica e a capacidade de persistência e reciclagem do mercúrio na bacia Amazônica”.

PL 191/20

O Projeto de Lei (PL) 191/2020, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, visa a liberar a exploração de recursos minerais, inclusive por garimpo, exploração hídrica e de orgânicos em reservas indígenas.

A proposta voltou à pauta diária depois do início da guerra na Ucrânia, da qual o liberal se aproveita para “sustentar” seu discurso em busca de potássio, mesmo com os dados científicos apontando que não é em terras indígenas que se concentram as maiores reservas.

“Não são apenas as comunidades indígenas que serão afetadas, mas também as pessoas de grandes centros urbanos serão diretamente atingidas. Não se trata, portanto, de um problema local, mas de um grande problema regional”, comentou Raul Valle, Diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil.

Fonte: WWF-Brasil.*

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