O desmatamento continua avançando em números preocupantes, mas não apenas na Amazônia. A situação também é crítica no Cerrado, considerado a savana brasileira.
Aproximadamente 25 milhões de pessoas vivem no Cerrado, o que representa 12% da população nacional, entre elas os povos e protagonistas do bioma e seus valores. Porém, o bioma já perdeu 50% da sua vegetação original.
Para tentar frear essa destruição, uma iniciativa atua para restaurar o bioma e fortalecer comunidades tradicionais e agricultores familiares que vivem nesse território.
Trata-se dos SACIs (Sistemas Agrocerratenses Inclusivos), que têm foco na produção de alimentos com o uso de técnicas e metodologias de restauração com espécies nativas do Cerrado.
Técnica
Os SACIs utilizam espécies nativas, como capins, árvores, ervas e arbustos. Outra técnica utilizada é a semeadura direta, ou muvuca, como é popularmente conhecida, que mistura e semeia diversas espécies nativas no solo, visando deixar o sistema ainda mais adequado ao Cerrado, desempenhando as funcionalidades da savana tropical.
Para a bióloga Ana Clara Nunes Amorim, diretora-presidente da Pequi (Pesquisa e Conservação), organização parceira do projeto, a iniciativa resulta em vantagens ecológicas, como o retorno da água:
“Essa metodologia é preparada para ser mais produtiva a longo prazo, oferecendo a oportunidade dos produtores se vincularem com esses sistemas, baseados em espécies agronômicas que eles já se produzem. É uma excelente alternativa econômica.”, afirma.
Trabalho
Para colocar o projeto em prática, primeiro foram implementados 3,5 hectares em áreas de terra de famílias de agricultores dos assentamentos da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Os plantios fizeram parte de uma oficina de aprendizados e contaram com a participação de representantes de outros assentamentos de 4 estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais).
Os representantes estiveram em Brasília para participar dos plantios e no segundo momento do projeto retornaram aos seus estados para implementar as técnicas e conhecimentos adquiridos durante o encontro no DF.
O analista de conservação do WWF-Brasil, Vinícius Barbosa Pereira, reforça a possibilidade de crescimento do SACIs:
“Essas articulações promovem visibilidade e conhecimentos sobre restauração para o bioma e a sua implementação em unidades demonstrativas neste momento e poderá, no futuro, ganhar escala e fazer o futuro que almejamos tornar-se realidade casando restauração, comida e renda”, destaca.
Fonte: WWF-Brasil.*