A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recebeu uma ordem da Justiça de São Paulo para apagar duas publicações que fez em seu Twitter com ofensas e fake news contra a jornalista Vera Magalhães. A sentença é de sábado (17/09), mas ainda cabe recurso contra a decisão.
A deputada teria repitido a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a jornalista.
“Vera, você é uma vergonha para o jornalismo brasileira [SIC], deve ter alguma paixão por mim”, escreveu a deputada em sua conta na rede social, em 28 de agosto, atribuindo a declaração ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Naquela ocasião, o presidente disse: “Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, disse Bolsonaro após fazer uma pergunta sobre vacinação contra Covid aos presidenciáveis.
“Em cognição sumária, a primeira publicação impugnada, que reproduz trecho da fala de autoridade em um debate político, parece ultrapassar os limites da liberdade de informação e manifestação do pensamento, mesmo que se considere a possibilidade de críticas acaloradas próprias do debate político e ideológico, sobretudo em tempos de polarização política. É o que se verifica quando se acusa uma jornalista de ser uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, decidiu o juiz Paulo Rogério Santos Pinheiro, da 43ª Vara Cível de São Paulo.
A liminar também proíbe a parlamentar de veicular novas ofensas e informações falsas sobre a jornalista. Foi fixada multa diária de R$ 3 mil em caso de descumprimento da ordem. A ação foi ajuizada após a deputada reproduzir nas redes sociais a fala do presidente Jair Bolsonaro de que Vera nutriria uma “paixão” por ele, sendo uma “vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Além disso, Carla Zambelli, resgatando um antigo vídeo, também afirmou em postagens que Vera “ri” e “debocha” de um abuso sexual sofrido pela ex-ministra Damares Alves, sugerindo que a jornalista teria agido como “sexista, machista, cristofóbica e, de forma indireta, apoiando estupro e pedofilia”.
A defesa de Vera Magalhães está a cargo dos advogados Igor Sant’Anna Tamasauskas e Beatriz Canotilho Logarezzi, do escritório Bottini&Tamasauskas Advogados. Para eles, “o comportamento de Zambelli faz parte de um ataque sistemático que vem sendo realizado à Vera por apoiadores de Jair Bolsonaro, a exemplo do que aconteceu também com o deputado estadual Douglas Garcia e o pastor Silas Malafaia (que também teve publicações de ataque à jornalista removidas pela Justiça)”.