Para não enfrentar um julgamento em Delaware, marcado para 17/10, Elon Musk voltou atrás e permanece com a compra do Twitter. Musk comentou em sua conta no próprio Twitter que transformará a rede social em um “superapp” chamado por ele de “X”.
A ideia do bilionário é criar um modelo semelhante ao do chinês WeChat – um superaplicativo, como são conhecidas essas plataformas -, que reúne características de redes sociais, mensageiro e app de banco.
O projeto não é novo para o bilionário. Antes de sinalizar a primeira intenção de compra do Twitter, em abril, Musk já havia falado de sua ideia de criar uma rede social própria, alegando priorizar que os usuários fossem mais “livres” para publicar suas opiniões.
Uma das motivações do dono da Tesla para criar a rede, batizada de “X.com”, ficou explícita após o Twitter banir a conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump, depois de publicações de desinformação sobre a covid-19 e incitação aos atos no Capitólio em 6 de janeiro de 2020.
Depois de publicar sua ideia no Twitter, um seguidor do bilionário perguntou se não seria mais fácil apenas criar uma rede social do zero. “(A compra do) Twitter provavelmente acelera (a construção da) X entre 3 e 5 anos, mas posso estar errado”, respondeu Musk.
Após atritos públicos que resultaram no processo na Corte de Delaware, nos EUA, a confirmação da transação na tarde da última terça-feira fez os papéis da empresa subirem 22%, a US$ 52 por ação – próximo do valor oferecido por Musk, de US$ 54,40 por ação.
Um dos desafios do Twitter, hoje, é manter uma proposta de monetização para seus usuários na plataforma. Consideravelmente menor do que apps como Instagram, Facebook e TikTok, o site ficou “parado no tempo” em relação ao que as empresas de tecnologia e mídia social estavam propondo aos seus usuários e influenciadores.
Alguns movimentos foram feitos nos últimos anos para tentar reverter esse quadro: a adição de uma assinatura paga, o Twitter Blue, com ferramentas exclusivas, caixinhas de gorjetas, monetização de newsletter e entradas pagas para salas no Espaços, canal de conversas em áudio da plataforma.
Ainda assim, a rede social segue distante dos recursos de outras plataformas, principalmente em relação a parcerias com publicidades pagas. “Para Musk, a ironia é que a parte fácil deste acordo foi comprar o Twitter, a parte difícil será corrigi-lo com monetização e engajamento de assinantes, um grande problema para o Twitter na última década”, diz Dan Ives, analista da empresa de investimentos americana Wedbush.