O engasgo, apesar de ser comum, pode levar uma pessoa para a urgência por isso é necessário ter atenção redobrada para evitar um engasgo, de acordo com Letícia Mota, especialista em Fonoaudiologia Hospitalar e coordenadora de fonoaudiologia do Hospital Santa Rita, em Dourados (MS).
“Engasgo é quando há uma disfunção no processo de deglutição e o alimento entra na via errada, ou seja, na via aérea. Ao perceber o problema, nosso cérebro manda um sinal de alerta para expulsar o alimento por meio de um reflexo de tosse”, afirma a profissional, que é natural de Manaus (AM), ressaltando que esses casos ocorrem com maior frequência na população idosa ou em pessoas acometidas com sequelas neurológicas, situações em que é comum ter queixa para beber água ou engolir alimentos mais sólidos.
Em casos de engasgo, a recomendação é proceder com a manobra de Heimlich. De acordo com a faixa etária da pessoa afetada, o procedimento muda da seguinte forma:
- Bebês e crianças de até 1 ano: É feita posicionando a criança de bruços no antebraço, com a cabeça virada para baixo. Então, é necessário dar cinco tapas no meio das costas e, em seguida, virar o bebê ou a criança e fazer mais cinco compressões no tórax, entre os mamilos, com os dedos indicador e médio. A manobra deve ser reiniciada até que o alimento saia e a criança comece a chorar.
- Crianças a partir de 2 anos até a vida adulta: É necessário posicionar-se atrás da pessoa, comprimindo as mãos na região diafragmática, um pouco acima do umbigo. Com uma mão fechada e a outra aberta, o passo seguinte é proceder com movimentos de dentro para cima. O processo deve se repetir até a chegada da emergência ou que o alimento seja expelido.
É muito importante que, durante o engasgo, não seja oferecida água ou qualquer outro alimento. “Incentive a pessoa a tossir o mais forte que conseguir e ligue para a emergência 192”, ressalta Letícia.
O engasgo/disfagia é um problema mundial e comum dentro dos serviços de saúde. De acordo com dados da revista científica Pebmed, estudos relatam que a incidência pode chegar a 33% nas unidades de urgência e de 30% a 40% em lares de idosos. Estima-se ainda que 40% a 70% dos pacientes com sequelas de acidente vascular encefálico (AVE), 60% a 80% de pacientes com doenças neurodegenerativas (ELA) e 60% a 75% dos pacientes que realizam radioterapia de cabeça e pescoço apresentam algum grau de disfagia.
“A disfunção da deglutição já é, por si só, um problema de saúde, podendo ser a causa de diversos agravos, tais como broncoaspirações, pneumonias recorrentes, perda de peso e desidratação, tornando-se um problema maior dentro do sistema de saúde, provocando internações recorrentes e, até mesmo, a mortalidade diante de algumas populações”, alerta a especialista amazonense.