Preso na noite desta quinta-feira (13/10), o empresário Thiago Brennand foi solto em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, após pagar fiança e informar endereço fixo. Segundo seu advogado, Ricardo Sayeg, ele não pode deixar o país árabe sem comunicar a Justiça. A informação foi publicada pelo site G1 e confirmada pela Folha.
Assim, ele vai responder ao processo de extradição em liberdade.
Brennand havia viajado para Dubai, no mesmo país, em 4 de setembro, horas antes de ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob suspeita de lesão corporal por agredir a modelo Alinny Gomes em uma academia e corrupção de menores –a denúncia por corrupção de menores se baseia na suspeita de que ele teria incentivado o filho adolescente, que presenciou a agressão, a ofender a modelo.
Ele foi detido pela polícia nacional dos Emirados Árabes, com auxílio da Interpol, após entrar na lista de foragidos por não retornar ao Brasil no prazo estipulado pela Justiça.
Após a repercussão do episódio na academia, que foi gravado, Brennand passou a ser acusado de crimes sexuais por ao menos 11 mulheres, que relatam desde supostos estupros a rituais para tatuar suas próprias iniciais no corpo das vítimas.
A maior parte da lista de vítimas é conduzida pelo escritório de advocacia Janjacomo e por representantes do projeto Justiceiras, que combate a violência contra a mulher.
Nesta sexta, o Ministério Público paulista formalizou uma segunda denúncia contra Brennand, agora relacionada a esses novos relatos. A Promotoria de Porto Feliz (a 118 km de São Paulo) afirma que ele cometeu em uma mesma vítima cinco crimes: estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima e coação no curso do processo. A Justiça aceitou acusação, o que o torna réu novamente.
A suspeita que culminou na nova denúncia é de agosto do ano passado e envolve uma brasileira de 37 anos, que vive nos Estados Unidos e afirma ter sido mantida em cárcere privado na casa de Brennand em Porto Feliz, além de ter sido estuprada, agredida (física e moralmente) e tido o corpo tatuado à força.
Ela diz ainda que o empresário vazou vídeos de relações sexuais com ela, que teriam sido enviados até para a filha adolescente dela.
A investigação conduzida pela Promotoria de Porto Feliz chegou a ser arquivada em junho deste ano, por falta de provas. Foi reaberta, porém, após reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, divulgar um áudio do empresário em que ele fazia ameaças a essa vítima.
Na época, Brennand negou os crimes. Em depoimento, confirmou que teve relações sexuais com a mulher, mas disse que foi com o consentimento dela. Ele também afirmou que a suposta vítima teria “sede de fama” e foi vista em diversos locais sem ter pedido socorro ou manifestado comportamento estranho.
De acordo com o advogado Marcio Janjacomo Júnior, outras cinco novas queixas foram encaminhadas à Promotoria de Porto Feliz nesta sexta-feira. Segundo ele, mulheres acusam Brennand de crimes que envolvem estupro, perseguição, ofensa e difamação e ocorreram entre 2019 e 2022.