O Tribunal de Sentença da cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, absolveu Waldemar Pereira Rivas, o principal suspeito do assassinato do jornalista Leo Veras (52). A alegação principal foi de que não havia provas suficientes para condenar Rivas, também conhecido como Cachorrão, pela autoria do crime.
Katia Brembatti, presidente da Abraji, lembrou que na última quarta-feira (02/11) foi celebrado o Dia Internacional Pelo Fim da Impunidade dos Crimes Contra Jornalistas. “Isso é inaceitável. Não há dúvidas de que ele foi assassinado. Então, espera-se que as autoridades tomem as medidas necessárias para punir os responsáveis pelo crime. A memória de Leo Veras e todo o trabalho que prestou precisam ser respeitados, com uma ação condizente por parte das autoridades”, comentou Brembatti.
O Sindicato dos Jornalistas do Paraguai divulgou uma nota criticando o resultado do julgamento presidido pelas juízas Carmen Silva, Mirna Soto González e Ana Aguirre. Segundo o comunicado, este resultado “agride gravemente o direito da liberdade de expressão e a democracia, assim como os compromissos do estado paraguaio em matéria de direitos humanos”. O sindicato também critica o trabalho de investigação do Ministério Público e a atitude do tribunal em absolver o suspeito.
Monitoramento de ataques a jornalistas realizado pela Abraji com apoio da rede Voces del Sur já registrou mais de 450 ataques somente em 2022. Segundo Leticia Kleim, assistente jurídica da Abraji que coordena o monitoramento no Brasil, “para frear a escalada de violência, é urgente que as autoridades públicas atuem para investigar e tomar as medidas cabíveis para combater a impunidade das agressões e garantir a segurança dos trabalhadores da imprensa”.
Leo Veras era dono do Ponta Porã News, que produzia notícias da região da fronteira e fazia cobertura policial envolvendo também os crimes ligados ao PCC. O jornalista tinha dupla cidadania, era paraguaio e brasileiro, e assim, foi o terceiro caso a ser incluído no Programa Tim Lopes.