O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, comemorou nesta terça-feira (14/12) o resultado do último levantamento do Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), que mostra que o mês de novembro registrou a menor área de alertas de desmatamento na Amazônia desde o início da série histórica, iniciada em 2015. Os dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) levantados no dia 10 mostram que a área desmatada em novembro de 2021 ficou em 249 km². No mesmo mês de 2015, foram registrados 302 Km² de desmatamento.
Em novembro deste ano, o desmatamento na região Amazônica também registrou queda de 19%, se comparada ao mesmo período do ano passado, segundo a pasta.
“É um número importante. Reflete a integração do Ministério da Justiça, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Força Nacional, Polícia Federal. Começou a refletir essa integração e atuação conjunta do Meio Ambiente com a Justiça agora em números. De forma integrada, o governo federal está atuando contundentemente contra qualquer crime ambiental. Mais do que isso, junto com a PF e Força Nacional, estamos atuando de forma integrada e permanente no território”, apontou Joaquim Leite.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, destacou que houve aumento nas operações e no número de equipes. “Em outubro, nós aumentamos em 109% as operações com a Força Nacional na Amazônia e, em novembro, em 179%. Em novembro, passamos de 109 ações, em 2020, para 305 ações, em 2021. Nós reforçamos, subimos, estamos na região Norte, ficaremos lá. Estamos em fase final da operação de Guardião do Bioma de combate aos crimes ambientais que norteará o nosso trabalho em 2022 e nos anos seguintes. Estou feliz com esse resultado. Ganha o Brasil, o Meio Ambiente, todos os brasileiros. Apesar de toda dificuldade de acesso da região amazônica”, disse.
Torres também citou o trabalho contra o garimpo ilegal e lembrou o caso das balsas no Amazonas. “As pessoas, às vezes, em ações como a das balsas, que tem a ver com crimes ambientais, as pessoas acham que é fácil. Me perguntaram: ‘Por que não pega metade das balsas e coloca ali e por que não estaciona as outras balsa ali?’. As coisas não funcionam assim. São locais de dificílimo acesso, que a gente só chega com a aeronave, um custo muito grande para o Estado brasileiro. Mas o trabalho tem sido feito”, completou.
Segundo o ministério, em 2021, a pasta da Justiça dobrou os investimentos em órgãos de fiscalização e recebeu um acréscimo de R$ 270 milhões no orçamento — dinheiro que foi empregado na compra de equipamentos, veículos e sistemas de navegação. Com isso, os recursos voltados para ações ambientais subiram de R$ 228 milhões para R$ 478 milhões, em 2021.
A partir do ano que vem haverá reforço, também, no número de fiscais em todo o país. Já estão publicados dois editais para contratação de 739 novos servidores que vão ampliar o quadro de fiscais do Ibama e do ICMBio.
Embora o mês de novembro tenha registrado uma queda, 2021 já tem o terceiro maior acumulado anual. O mês de outubro, por exemplo, teve o recorde da série histórica.
Contradição
No mês passado, na COP 26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, se furtou de comentar os números que mostraram desmatamento recorde da Amazônia, em outubro. Indagado por jornalistas, respondeu laconicamente que “não acompanhou” os dados divulgados.
“Quando eu voltar ao Brasil, vou falar com o ministro Anderson (Torres, da Justiça) para entender esses dados do Inpe. Não acompanhei esses números, estava focado nas negociações”, disse na data.
Leite contradisse a si mesmo quando, em vários discursos e painéis no pavilhão brasileiro da COP26, assegurou que acompanhava, no local, todas as semanas, o combate ao desmatamento no bioma. Em uma das suas apresentações, garantiu que a ação da Força Nacional e do Ministério da Justiça “estavam dando resultado”.
Correio Braziliense*