Segundo a análise do estudo “A alienação eleitoral no Brasil Democrático”, do Instituto Votorantim, que levantou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a alienação eleitoral tem crescido no Brasil de forma lenta, mas consistente, desde 2006.
Os resultados chamam atenção para o baixo comparecimento às urnas na região Sudeste e entre os jovens.
Os dados mostram ainda, que desde 2006, a alienação eleitoral –soma de abstenções passiva (não comparecimento) e ativa (votos brancos e nulos)– nos pleitos presidenciais passou de 25,1%, em 2006, para 29%, em 2014 e 2018.
Já no segundo turno a alienação eleitoral foi de 25% em 2006. Em 2018, atingiu 30,8%, um crescimento de quase 6 pontos percentuais.
Esse aumento representa um maior desinteresse da população com o processo eleitoral. No caso dos jovens, se essa menor participação permanecer na vida adulta, a alienação brasileira pode se aproximar de situações mais preocupantes observadas em democracias consolidadas do Atlântico Norte.
O cientista político e diretor do Ipespe, Antonio Lavareda explica que a participação eleitoral está associada ao interesse com o processo eleitoral, o que não tem sido observado entre as novas gerações do país e do mundo. “Os jovens têm um grau de distanciamento da política. Isso não é uma singularidade brasileira. Nos Estados Unidos e na Europa temos observado uma maior abstenção”, afirma o professor.
Ele aponta que o desinteresse desse público tem sido uma preocupação constante dos partidos, que fazem campanhas específicas. Afinal, o voto dos mais novos se mostrou importante em eleições ao redor do globo.
De acordo com o estudo, ainda que não exista, de maneira geral, uma “crise na alienação no Brasil”, os dados indicam um crescimento do fenômeno que, especialmente no caso dos jovens, preocupa.
Historicamente, o Brasil tem a maior participação eleitoral na América Latina. Por aqui, cerca de 75% dos eleitores optam pelo voto válido, o que é considerada uma proporção alta. “No Brasil, [a alienação eleitoral] é menor porque o voto é obrigatório, embora tenha dado um pulo nas últimas eleições”, pontua Lavareda.