O ex-secretário de segurança do Governo do DF e ex-ministro da justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres, permanece preso em Brasilia depois de ter passado no sábado (14/01) por uma audiência de custódia. Ele segue detido no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal.
Anderson Torres estava nos Estados Unidos e ao desembarcar no Brasil em um voo vindo de Miami, foi preso ainda no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, por volta das 7h15 do sábado.
Torres deve passar por uma sessão de depoimento e ser conduzido de volta à PF durante a semana, para a oitiva. A previsão é de que o ex-secretário siga para a carceragem do 19º Batalhão da Polícia Militar, conhecida como Papudinha. O pedido de prisão preventiva decorre do inquérito que apura os atos terroristas ocorridos em Brasília no domingo 08/01.
A situação de Torres se complicou depois que a Policia Federal encontrou na casa do ex-secretário, um documento que planejava anular as eleições presidenciais do ano passado. O documento, uma espécie de minuta, ainda compromete o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi incluido no inquérito que investiga os atos golpistas.
Na última sexta (13/01), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja incluído como alvo de um dos inquéritos que apuram os responsáveis pela invasão das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Anderson Torres foi um nome contestado para a segurança do DF mas ferrenhamente defendido pelo Governador Ibanês Rocha (MDB). Segundo fontes ligadas ao Governador do DF, que é bolsonarista, a nomeação era o pagamento de uma dívida política de Ibanês. Torres teria negociado pessoalmente para que o União Brasil negasse legenda para o senador Reguffe disputar o governo do Distrito Federal em 2022. O que facilitou a reeleição de Ibanês.
Com a crise da invasão de 08/01, Ibanês rapidamente exonerou Torres na tentativa desesperada de se manter no cargo. O que se provou em vão, já que ele mesmo foi afastado do Governo do DF ainda na madrugada de domingo para segunda 09/10 pelo Ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Defesa
Anderson Torres decidiu voltar ao Brasil e se entregar às autoridades. O ex-ministro, que veio dos Estados Unidos sem o celular, nega participação na tentativa de golpe de Estado. Anderson Torres se defendeu nas redes sociais em relação à minuta encontrada em sua casa. Segundo ele, o documento foi vazado “fora de contexto”.
Anderson Torres explicou que ministros recebem documentos, sugestões e propostas “dos mais diversos tipos”. Segundo ele, a minuta estaria em uma pilha de documentos que seriam descartadas.
“O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim. Fomos o primeiro ministério a entregar os relatórios de gestão para a transição. Respeito a democracia brasileira. Tenho minha consciência tranquila quanto à minha atuação como ministro”, declarou.
