O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não cedeu à pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para redução dos juros e manteve nesta quarta-feira (22/03) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
Sem adotar um tom mais brando, como esperavam alguns analistas, a autoridade monetária também não deu sinais de que pode antecipar o corte da taxa -indicando inclusive a possibilidade de voltar a elevá-la.
No comunicado, o colegiado do BC enfatizou a “deterioração adicional” das expectativas de inflação.
“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, disse o Copom.
O colegiado voltou a dizer que se manterá vigilante, “avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.
Diante de incertezas fiscais e de ruídos gerados por falas de Lula e do primeiro escalão do governo -incomodados com o alto patamar da Selic e seus efeitos sobre o crescimento da economia brasileira-, as expectativas de inflação dos analistas do mercado para prazos mais longos piorara
Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira (20/03), a projeção para o IPCA (índice oficial de inflação do país) de 2024 avançou de 4,02% para 4,11% -já distante do centro da meta (3%).
Para 2025, a estimativa dos economistas saiu de 3,80% para 3,90% e, para 2026, saltou de 3,79% para 4,00%m.