Era jogo de seleção brasileira, mas nem parecia. As marcações das jardas no campo e o gramado com corte baixíssimo – ainda por cima pintado com a logomarca da universidade que usa o Los Angeles Memorial Coliseum – deixaram até a falsa impressão de que algo diferente do futebol de bola redonda aconteceria.
De fato, Brasil e Peru ficaram devendo no amistoso disputado no início da madrugada desta quarta-feria (pelo horário de Brasília). O baixo desempenho na surpreendente derrota brasileira por 1 a 0 fez com que o jogo ficasse bem longe de ser tão interessante quanto um Super Bowl, a final da NFL, ou uma disputa de Jogos Olímpicos, que já passaram duas vezes melo mítico estádio da Califórnia.
Não só pelo resultado, a partida em nada lembrou a final da Copa América, no Maracanã, que também envolveu brasileiros e peruanos. O saldo da data Fifa, inclusive, é incômodo: um empate com a Colômbia e a derrota desta quarta. A seleção brasileira volta a campo em outubro.
Neymar começa no banco
Pelos ingredientes, foi quase como se estivessem jogando “Brasil Canarians” e “Peru Incas”, fictícios times do futebol americano. O enredo esperado para o jogo se altera a partir da escalação. Neymar começou no banco, como uma medida de Tite para preservar a parte física do atacante, e só entrou no segundo tempo. O amistoso passado, sexta-feira, contra a Colômbia, foi o primeiro dele na temporada.
Sem o seu astro, os “Canarians” usaram uma formação parecida com a usada na Copa América. O adversário apostou numa marcação “blitz”, dificultando que o time brasileiro ganhasse jardas. Foram muitos erros de passe no primeiro tempo. O time sentiu falta de seu “quarterback” Arthur, já que a opção foi por um Allan com carra de running back, que corre com a bola.
Entre os recebedores de bolas no ataque, Richarlison foi quem mais se destacou. Muito apetite para arriscar de fora da área. Em uma delas, Gallese fez boa interceptação. Mas a chance mais clara foi com David Neres. Na linha de duas jardas, o veloz Advíncula tirou de carrinho.
Casemiro e o próprio David Neres não usaram equipamentos de segurança e trombaram de cabeça. Em vez do capacete, passaram a jogar de touca para estancar sangramento. O próprio camisa 5, aparentando estar “contaminado” pelo ambiente de futebol americano, chegou a arriscar um chute com cara de field goal. Não é estranho que tinha ido por cima da trave.
O segundo tempo foi mais apetitoso. Tite colocou Neymar pouco depois dos 15 minutos. A proposta foi usá-lo de forma mais centralizada, substituindo Firmino, como se fosse um falso 9. Além de Ney, entraram Paquetá, ocupando a faixa direita do campo, e Fabinho, este em seu habitat natural – como volante.
Apesar da ligeira melhora do Brasil, a dificuldade de achar espaços continuou. O técnico da seleção também promoveu a estreia de Vinícius Júnior, aos 28 minutos do segundo tempo. Aos 19 anos, ele teve a primeira oportunidade de mostrar serviço, mas entrou em um jogo enroscado. Para completar, o marcador dele foi o implacável Advíncula, conhecido por ser um dos jogadores mais rápidos do planeta.
Bruno Henrique já estava em campo quando o inesperado aconteceu. Uma cobrança de falta alçada na área brasileira teve falhas de Militão e Ederson, que saiu mal. A bola morreu no fundo da rede brasileira, um gol creditado a Luis Abram. Com o time muito modificado e sem entrosamento, o Brasil não conseguiu reagir e deixou o campo com um amargo resultado.