Depois de uma mudança no calendário impedir que seja aprovado o nome da candidata apoiada pelo Poder Executivo para assumir a presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), parlamentares que se mantiveram fiéis ao governo Wilson Lima recorreram ao Poder Judiciário. Quer dizer, se o Poder Legislativo não obedece ao Executivo, tem que se curvar ao Judiciário, no Amazonas.
E foi a tradicional subserviência da Assembleia do Amazonas aos outros poderes, em especial ao Executivo, que fez Wilson Lima – longe de ser uma raposa política, mas é um marinheiro de primeiríssima viagem – baixar a guarda e se convencer de que os deputados da base votariam em uma candidata pela qual não nutrem qualquer simpatia. Essa autoconfiança cegou o governador e quando ele voltou a ver, constatou algo inédito, a perda da Aleam.
Apesar da surpresa, os avisos foram claros. O atual presidente da Assembleia, deputado Josué Neto, disse, na tribuna, que não era uma boa ideia entregar a Casa Legislativa para o governo Wilson Lima. Trocando em miúdos, ele aconselhou aos parlamentares que não botassem a Aleam na mão do representante escolhido pelo governador, sob pena de se encrencarem com a Polícia Federal, alertou o ex-presidente regional do PRTB.
Agora, o clima na Assembleia é de união dos 16 deputados que colocaram Roberto Cidade como o próximo presidente da Aleam. O grupo diz votará igual no próximo dia 17, caso seja necessário fazer uma nova eleição da Mesa Diretora. Ao mesmo tempo, os deputados que dormiram no ponto e não viram a movimentação contra o chefe do Poder Executivo acontecer, acusam os colegas, mas também se tornam alvos porque o teto é de vidro.