Em entrevista ao jornal francês Le Monde, o cantor e compositor Chico Buarque falou sobre o atual cenário político brasileiro e explicou o motivo de ter entrado com um pedido de visto de longa duração na França. Além disso, citou o Partido dos Trabalhadores (PT), dizendo ter reservas ao grupo do ex-presidente Lula.
Chico disse que a crise política começou, concretamente, a partir do impeachment de Dilma Rousseff. “Tenho muitas reservas ao PT, o partido teve episódios de corrupção, como os governos precedentes”, afirmou ao jornal francês. “Mas depois da derrota da direita nas eleições presidenciais, o PT foi incrivelmente estigmatizado”, definiu.
Ele ainda pontuou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava cansado de perder as eleições e, para governar, precisou buscar uma coalizão. “Ele decidiu fazer do PT um partido de governo. Por isso fez concessões, acordos com forças que o PT não teria aceito em tempos normais. O PT deixou de ser um partido de esquerda para se tornar uma formação social-democrata.”
Sobre a situação do governo atual, o cantor disse que ele pode ser considerado como neofascista, por compartilhar práticas com regimes de direita. Cita ainda incoerências dos ocupantes de cargos nacionais, como “um Ministro da Educação contra a educação” e “um Ministro do Meio Ambiente contra o meio ambiente”.
Segundo Chico, o prestígio do Brasil hoje é quase zero no exterior e, por isso, mobilizações fora do país contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL) são válidas, mesmo que sendo difícil medir sua eficácia. “Não sei como tudo isso vai acabar. O fracasso desse governo me parece óbvio”, declarou.
O músico está em Paris escrevendo, segundo relatou ao jornal francês. Ele explicou que hoje os artistas brasileiros não são bem-vindos, nem bem-vistos pelo governo Bolsonaro. “Uma cultura de ódio se espalhou de maneira impressionante”, lamentou. Porém o artista explicou que, apesar de seu pedido pelo visto francês, quer continuar a viver no Brasil.
*BHAZ
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