As imagens que o mundo sempre quis ver quando a praia de Teahupoo, no Taiti, foi anunciada como local das competições de surfe dos Jogos Olímpicos de 2024 apareceram nesta segunda-feira, dia 29. Ondas perfeitas e pesadas entre 8 e 10 pés foram o cenário perfeito para um show do surfe brasileiro. Em baterias válidas pelas oitavas de final da competição, Gabriel Medina alcançou a melhor nota da história olímpica até o momento (9.90) e João Chianca protagonizou um confronto de altíssimo nível contra o marroquino Ramzi Boukhiam. Os brasileiros foram os grandes destaques do dia e agora terão que se enfrentar na próxima fase da competição. Já Filipe Toledo se despediu dos Jogos Olímpicos ao ser derrotado pelo japonês Reo Inaba.
O confronto entre Gabriel Medina e Kanoa Igarashi tinha contornos de revanche, já que em Tóquio 2020 o japonês venceu o brasileiro nas semifinais e tirou a chance da medalha de ouro de Medina. Porém, nas ondas de Teahupoo a história é diferente. Dono de um retrospecto impressionante no local, Gabriel se deparou com um dia de ondas grandes e tubos perfeitos do jeito que ele mais gosta. E Medina cumpriu com o que se espera dele: um show! Logo na sua segunda onda surfada, veio o momento que já está na história. Um lindo tubo, em que o brasileiro já saiu comemorando e sinalizando a nota 10 para os juízes. Veio um 9.90, que já é a maior nota entre todas as baterias olímpicas disputadas desde Tóquio 2020.
“É um sonho competir na Olimpíada nessas condições assim. Eu nunca imaginei que a gente estaria mostrando para o mundo esse tipo de surf, porque não é sempre que a gente pega condições assim. Então, estou vivendo um sonho hoje. Fiquei feliz de ter a oportunidade de estar aqui representando o meu país e deu tudo certo”, celebrou Medina, que descreveu a sensação do tubo perfeito.
“Dentro de um tubo, eu sinto que é isso que faz sentido. É por isso que eu surfo. Eu acho que a melhor sensação que tem no surfe é um tubo, ainda mais desse tamanho. Hoje a gente está vivendo um sonho. Fico feliz com as condições. Não é todo dia que a gente surfa condições assim. Quando tá assim, a gente tenta aproveitar ao máximo. Você e mais um cara na água, eu acho que é difícil de encontrar qualquer lugar com altas ondas assim”, detalhou o tricampeão mundial.
Além do 9.90, Medina ainda pegou uma onda de 7.50 pontos, somando 17.40. Já Igarashi fez 3.67 e 3.37.
Logo após o show de Medina, outro brasileiro entrou na água. João “Chumbinho” Chianca provou que está totalmente recuperado do grave acidente que sofreu no Havaí, em dezembro. O brasileiro encarou de frente as ondas de Teahupoo e botou para baixo nos tubos desta onda mítica. Contra o marroquino Ramzi Boukhiam, Chumbinho teve como melhores ondas um 9.30 e um 8.80, totalizando 18.10. Seu adversário vendeu caro a vitória com uma performance de grande nível. Boukhiam, que é amigo de Medina, fez um total de 17.80 (9.70 + 8.10).
“O dia de hoje é realmente um divisor de águas, um marco muito grande na minha carreira. Ainda sou novo, eu ainda espero ter muitas disputas dessas. Mas, cara, muito feliz realmente. Tem muito jogo pela frente, tem uma missão enorme pela frente. Eu acho que tanto eu quanto o Gabriel, a gente está numa chave de bateria muito boa para disputar a medalha. Mas acredito que o melhor surfista vai vencer. E realmente torcendo muito para honrar essa bandeira”, comentou João, que também comentou sobre a bateria e as condições mágicas deste dia em Teahupoo.
“É uma bateria dos sonhos, eu sabia que o Ramzi é um dos melhores surfistas que a gente tem em Teahupoo hoje em dia. Com certeza a performance que ele trouxe do circuito mundial é impressionante. Eu sabia que ele ia dar tudo, dar tudo ali nos 30 minutos. Eu sabia que ele ia fazer valer. Mas foi a bateria dos meus sonhos. Eu consegui executar cada onda perfeitamente. Eu consegui fazer o meu melhor, consegui dar o meu melhor. As ondas realmente vieram. É incrível como a natureza estava do nosso lado ali na bateria, onda após onda. Então, muito feliz realmente. Só agradecer”, completou Chianca.
Primeiro brasileiro a entrar na água nesta segunda foi Filipe Toledo. Ele não encontrou as melhores ondas e acabou derrotado pelo japonês Reo Inaba por 6.00 a 2.46.
“Fiquei bem indeciso em saber qual onda seria boa. E tiveram duas ondas no começo que eu deixei passar, que eu poderia ter ido. Mas é isso, o surf é assim, um dia a gente tá lá em cima, outro dia a gente acaba não pegando onda. Faz parte, agora vamos pra próxima. Foi uma grande experiência participar dos Jogos Olímpicos. De estar em time e saber que você está carregando um país nas costas e representando muita gente. Então, é muito legal ver o carinho, ver o amor de todo mundo, como todo mundo se une para poder torcer. Que a torcida continue para os nossos brasileiros aí. Temos o Gabriel, o João, a Tati, a Luana e a Tainá. Vamos pra cima agora, torcer por eles e viver um dia de cada vez. Muito agradecido pela oportunidade”, afirmou Filipe, que pretende passar o segundo semestre com a família para voltar às competições em 2025.
Após uma manhã épica, o campeonato dará uma parada devido às condições extremas do clima, com ventos fortes e chuva que vão prejudicar as ondas. A próxima chamada está marcada para esta terça, mas as previsões indicam que as baterias só voltem por volta do dia 1º.
Além do confronto entre Medina e Chianca, as quartas de final masculinas terão Reo Inaba x Alonso Correa (PER) e os confrontos entre os franceses Kauli Vaast e Joan Duru e dos australianos Jack Robinson x Ethan Ewing.
Já no feminino, Luana Silva enfrentará Tainá Hinckel e Tati Weston-Webb encara a americana Caitlin Simmers
COB