Destinação de áreas públicas é chave para frear desmatamento e grilagem, apontam cientistas

Alertas de desmatamento na Amazônia caem 66% em agosto
Representantes locais e pesquisadores levaram demandas fundiárias do sul do Amazonas ao Ministério do Meio Ambiente a fim de subsidiar políticas públicas na região. Foto: Reprodução
Compartilhe

Em reunião com a ministra Marina Silva e servidores do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, lideranças locais apresentaram material com demandas e vivências das populações tradicionais e agricultores familiares sobre as áreas de destinação de terras públicas federais.

O estudo elaborado por lideranças e pesquisadores foca na destinação de áreas públicas no sul do Amazonas como estratégia de combate ao desmatamento e à grilagem na região, além de identificar demandas em áreas já destinadas dentro dos municípios. O objetivo é chamar a atenção para as demandas sociais e subsidiar políticas de destinação e regularização fundiária nos municípios.

Apesar da redução de 50% do desmatamento na Amazônia em relação ao ano anterior, municípios do sul do Amazonas viram o desmatamento aumentar em 2023. Segundo os pesquisadores envolvidos no projeto, a destinação de terras públicas para conservação poderá reduzir drasticamente o desmatamento e as emissões decorrentes da derrubada de florestas, protegendo a biodiversidade local e os recursos naturais.

“Com esse estudo, é possível calcular as emissões de carbono que deixam de acontecer como consequência da destinação dessas áreas e também mapear as espécies e nascentes protegidas por esse processo. Percorremos esses municípios e vimos lugares que perderam 80% do espelho d’água. Esse sumiço dos rios, em especial no Cerrado, mas que também afeta o sul do Amazonas, é preocupante. Sem água, não vamos a lugar nenhum”, destacou Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e um dos autores do estudo.

Mapa dos municípios que fizeram parte da oficina
A pesquisa contou com a participação de cientistas do IPAM, IEB (Instituto Internacional de Educação do Brasil), WCS (Wildlife Conservation Society), Idesam e Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas (ADSSA). Relatos dos moradores foram coletados durante a oficina “Construindo soluções sustentáveis e coletivas sobre as áreas não destinadas do Sul do Amazonas”, que mapeou as demandas focadas, principalmente, nas Florestas Públicas não Destinadas da região.
Escuta popular
Durante o processo de coleta, foram ouvidos representantes locais de oito municípios: Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã e Pauini. Ao todo, a área incluída nas demandas da população chega a 9.5 milhões de hectares de floresta amazônica que podem ser destinados para a conservação, criação de assentamentos, demarcação de terras indígenas ou regularização fundiária.

Participantes da dinâmica também relataram casos de violência sofridos por pequenos produtores, indígenas e comunidades tradicionais em decorrência da invasão e grilagem de terras públicas. Dentre os principais ataques sofridos pelos moradores estão tentativas de assassinato e intimidação de lideranças rurais, depredação ambiental e expulsão de moradores.
Para garantir que as demandas populares fossem devidamente registradas, houve a inclusão da metodologia de Espaços Públicos Socioambientais junto a cartografia social, baseada na consulta participativa e na representatividade das demandas sociais. Também foram ministradas oficinas de direito fundiário, com o objetivo de explicar o histórico fundiário brasileiro e desenvolver um mapeamento social que desse mais visibilidade às populações fragilizadas das demandas em seu território.

Mapa utilizado na consulta indica pontos importantes para os pesquisadores
“As atividades possibilitaram a autonomia de lideranças, que indicaram nos mapas uma grande diversidade de informações sobre o território que ocupam. Foram apontados conflitos, localização de povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e atividades econômicas, assim como a necessidade de reconhecimento, regularização fundiária e a destinação de áreas públicas desses territórios. Tanto a oficina de direitos fundiários quanto a de cartografia participativa foram importantes para dar voz às lideranças, mas também ajudaram na maior compreensão sobre o espaço que ocupam”, destacam Josimar Fidelquino, secretário executivo da ADSSA e Rebecca Maranhão, pesquisadora do IPAM que também assina a nota.
As atividades também serviram para evidenciar ainda mais o avanço do desmatamento no sul do Amazonas. Entre 2020 e 2022, a região passou por um intenso processo de derrubada de vegetação nativa, em especial nos municípios de Apuí e Lábrea. O estudo também identificou assentamentos, imóveis rurais e as Florestas Públicas Não Destinadas como áreas críticas para o desmatamento na região.
Florestas Públicas Não Destinadas
As Florestas Públicas não Destinadas fazem parte do Cadastro Nacional de Florestas Públicas e ocupam uma superfície de 57,5 milhões de hectares, mais do que a área da Espanha. Por lei, elas devem permanecer como florestas e públicas, voltadas para conservação, ocupação indígena ou para uso sustentável de seus recursos, em especial pelas populações originárias e tradicionais.
A falta de um uso definido e a demora na destinação destas florestas, contudo, coloca-as na mira de grileiros e, consequentemente, do desmatamento ilegal, dos crimes ambientais e dos conflitos agrários. Segundo dados do IPAM, cerca de 50% do desmatamento da Amazônia Legal ocorre em terras públicas – dois terços do desmatamento em terras públicas da Amazônia em áreas com o CAR (Cadastro Ambiental Rural) fraudado.

 

Voce pode gostar também!

Conheça meus serviços

É um serviço especializado realizado por mim Jornalista Marcela Rosa , especialista em telejornalismo e produção de vídeos e textos para vídeos e TV, Na minha mentoria on line eu vou te orientar de forma individualizada nos seus trabalhos de vídeo ou ainda de textos para TV ou internet.

Saiba mais

Nas Redes Sociais, como jornalista,eu atuo de uma forma diferenciada. Na verdade, uso a minha imagem e o meu texto (fala) como “referência” digital para produtos e serviços que coadunam com meu perfil de mulher adulta, mãe e profissional da comunicação.

Saiba mais

O Cerimonial de uma jornalista busca sempre aliar competência e credibilidade com a imagem e a voz que vão representar empresas e organizações.

Saiba mais

O meu maior Knowhow é sem dúvida a produção, redação e apresentação de vídeos jornalísticos. E todo este conhecimento é reproduzido nas propostas institucionais.

Saiba mais

Iniciar Atendimento
1
Olá bem-vindo ao Portal da Marcela Rosa!

Em que podemos te ajudar? Os nossos serviços são:

- Mentorias em telejornalismo e produção de vídeos e textos para vídeos e TV.
- Média Training
- Digital Influencer
- Cerimonialista (Português, Inglês e Espanhol)
- Produção de vídeos

Estamos a disposição para atendê-lo, aguardamos você!