A saída do agora ex-ministro Sérgio Moro é vista por analistas políticos como a primeira sinalização de cenário para as próximas eleições presidenciais de 2022. E se antes, o presidente Jair Bolsonaro, figurava como única vertente da direita com possibilidade de se manter no Planalto, agora o discurso bombástico de Moro o coloca como opção dos que tem ojeriza à esquerda.
Enquanto a ala petista se move e articula um “fora Bolsonaro” nas redes sociais, Moro corre por fora. O Ex-ministro têm sido mais presente nas postagens em suas contas no Twitter e Instagram. E um algoz rápido e preciso ao responder ao Presidente Jair Bolsonaro.
Agora, todos os olhares se voltam para a possível filiação de Moro a um partido. Em seu pronunciamento de sexta-feira, além de anunciar que iria procurar emprego, Moro disse que estava à disposição do Brasil. Para bons entendedores, o ex-ministro colocou o nome para jogo.
Em entrevista ao site Jornalistas Livres, o professor Boaventura de Sousa Santos, doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor e coordenador do CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um dos mais importantes pensadores ibero-americanos, disse que “ o Brasil é o único país do mundo que, no meio da pandemia, tem uma grave crise política. Eu acompanho a situação em diversos países e nenhum deles apresenta esta situação, que eventualmente poder ser uma crise do regime político. A demissão de Sérgio Moro tem causas próximas e causas longínquas. As causas próximas que sido aventadas é que a PF estará no caminho de incriminar a família Bolsonaro, senão o presidente diretamente, mas também os seus filhos. Isso naturalmente já se sabia há muito tempo”.
O professor Boaventura acrescentou: “Moro está a sinalizar que já não lhe interessa participar deste governo, precisamente porque ele quer se sair bem. A popularidade dele está acima da de Bolsonaro. Moro tem estado num silêncio absolutamente criminoso, no meio de tantas coisas surgindo, como as declarações em frente à porta do quartel do exército a clamar por um golpe. Bolsonaro para ele hoje é mais um fardo do que um recurso. Não precisa dele para ser um bom candidato, um candidato forte para 2022”.