Ao longo dos anos, uma equipe de pesquisa dos Estados Unidos detectou uma “erosão da biodiversidade” na floresta amazônica do Brasil, segundo estudo publicado nesta segunda-feira na Ecology Letters.
Há décadas, cientistas da Louisiana State University (Estados Unidos) realizam pesquisas aprofundadas na Amazônia, um dos lugares mais ricos em biodiversidade do planeta e longe da influência humana.
A equipe de especialistas começou a notar durante seus estudos que tinha ficado difícil encontrar alguns animais que eram abundantes anos atrás, especificamente certas espécies de pássaros que procuram alimento no chão da floresta.
“O que pensamos que está acontecendo é uma erosão da biodiversidade, uma perda de parte da riqueza em um lugar onde confiaríamos que a biodiversidade seria mantida”, diz Philip Stouffer, da Faculdade de Recursos Naturais Renováveis da mencionada universidade americana, e autor do novo estudo.
Stouffer iniciou suas pesquisas na floresta amazônica, ao norte de Manaus (Brasil) em 1991 e continuou pesquisando com o apoio da National Science Foundation monitorando aves com o chamado Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais até 2016.
Por volta de 2008, o especialista e sua equipe perceberam que não conseguiam mais encontrar algumas espécies de aves que haviam observado nos anos anteriores.
Eles coletaram novos dados em 55 locais diferentes para comparar com exemplos do início dos anos 1980.
Como Stephen Midway, um especialista em modelagem computacional do Departamento de Ciências Oceanográficas e Costeiras da universidade, observou: “Existe um modelo real e parece que pode estar ligado a coisas que sabemos que estão acontecendo com as mudanças climáticas globais que estão até mesmo afetando este lugar. não poluído “.
Por sua vez, Stouffer acrescentou que “certos pássaros são muito menos comuns do que costumavam ser” e observou que “se esses padrões de pássaros estão mudando na ausência de mudanças na paisagem, é um sério aviso de que simplesmente preservar as florestas não vai manter a biodiversidade da floresta amazônica. ”
O estudo indica que, em geral, as aves que experimentaram os declínios mais dramáticos vivem no ou próximo ao solo da floresta, onde se alimentam de artrópodes, principalmente insetos.
Eles detectam que algumas espécies, como as chamadas Myrmornis torquata, é uma das que sofreram declínio desde os anos 1980 e também é uma daquelas que se alimenta de insetos que ficam no solo olhando sob as folhas.
Em declínio está a chamada barata musical ou Cyphorinus arada, ave considerada icônica da Amazônia.
Em contraste, o formigueiro de chifre branco continua a ser comum. Esta espécie não está localizada em apenas um lugar, mas é comum vê-la em vários locais.
Os cientistas também descobriram que os pássaros frugívoros – frugívoros – aumentaram, sugerindo que pássaros onívoros com dietas mais flexíveis podem se adaptar às mudanças nas condições ambientais.
Especialistas alertam que ainda são necessárias mais pesquisas para entender o que está acontecendo na floresta amazônica e em outras partes do planeta.
“A ideia de que as coisas estão mudando, mesmo nas partes mais primitivas do planeta, mesmo que não saibamos disso, ilustra a necessidade de prestarmos mais atenção”, conclui Stouffer.
Fonte: Los Tiempos
