Um estudo publicado recentemente pela revista Biodiversity and Conservation mostra que a Amazônia pode ser maior do que aparece no mapa. Isso porque os mapas atuais, segundo a pesquisa, não retratam fielmente a divisão entre os biomas savanas e floresta.
O artigo científico foi publicado previamente no ano passado e a versão definitiva deve sair ainda este ano.
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Participam do estudo seis pesquisadores que fazem parte do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat); Departamento de Engenharia Florestal, da Universidade de Brasília (UnB); Centro de Ciências Biológicas da Natureza, da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Departamento de Zoologia, também da (UnB).
O biólogo com doutorado em ciências florestais da Ufac, Henrique Mews, é um dos que assinam o artigo. Segundo ele, novas tecnologias mostram que a divisão dos biomas do cerrado e floresta amazônia não pode ser feita por linhas, mas sim faixas transitórias, que acabam formando um local único que precisa ser considerado.
“Antes dessa pesquisa, o limite desses biomas era demarcado por uma linha, então era muito simplório, a tecnologia era muito simples no passado. Com o avanço, com as imagens de satélite e nosso conhecimento de campo na região no Sul da Amazônia, a gente percebeu que não era tão simples assim. Uma viagem de carro já revela para você que, ora você encontra floresta, ora volta a ser cerrado, tudo isso no mesmo trajeto”, explica.
O que o estudo propõe é que haja uma atualização e que essas áreas sejam consideradas na delimitação do bioma. Logo, isso faria com que o mapa como conhecemos atualmente sofresse alteração.
“Com ajuda de satélite, a gente percebeu que aquele mapeamento da década de 70 não era mais realista e a gente precisava modernizar isso. Fizemos para uma área amostral um pouco menor, e aí a gente conseguiu mostrar que, na verdade, uma linha não é realista, a gente precisa considerar uma faixa de transição e essa faixa tem, nesse nosso universo amostral, de 40 km a 250 km de extensão, seria uma vegetação que não é nem savana, nem cerrado, é transicional, mistura as duas coisas”, destaca.
Mudança no mapa
O estudo mostra que a delimitação antiga desses biomas não é mais realista. Além disso, mostra também que essas áreas de transição, em que se tem dois biomas, é um espaço único, chamado de ecótonos, e o mais afetado nos últimos 30 anos.
“Em termos proporcionais, a área de transição foi mais desmatada do que a savana do cerrado e a floresta da Amazônia e isso é muito preocupante, porque essa área não é nem um nem outro, é única”, fala.
O artigo, publicado em uma renomada revista internacional, indica que o mapa dos biomas no Brasil precisa ser alterado. A proposta, segundo Mews, é que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reconheça o estudo ou se utilize da mesma metodologia para fazer essa reclassificação dos biomas.
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“Se eles usarem essa nova tecnologia, mudaria sim [o mapa], porque teriam que mostrar a faixa de transição mais clara, mostrando que as florestas não são tão altas, são mais baixas, mais densas, com processos que só ocorrem ali”, finaliza.
Estudo mais aprofundado
O IBGE informou que tem conhecimento do artigo e frisou que utiliza sensoriamento remoto nos mapeamentos feitos atualmente. O órgão destacou ainda que para uma mudança no mapa atual seria necessário um estudo mais aprofundado.
“Essa faixa de transição [entre as vegetações] está bastante antropisada [processo de degradação feito por humanos] e para afirmações de pertencimento à Amazônia deveriam ter estudos mais profundos. No caso do IBGE, utilizamos o conhecimento dos demais recursos naturais e suas inter-relações para atribuir essas faixas de transição a um ou outro bioma”, destaca a nota.
Pesquisador Henrique Mews, da Ufac, participou de pesquisa divulgada em revista científica — Foto: Asscom Ufac