Em meio a uma nova escalada significativa de tensões entre Estados Unidos e China, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, decidiu adiar uma viagem a Pequim prevista para domingo (05/02), disseram fontes do governo à imprensa local.
O estopim da crise mais recente foi o anúncio pelo Pentágono da descoberta de um balão chinês sobrevoando território americano. Os EUA afirmam que o balão seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim afirma ser um equipamento de pesquisas meteorológicas que saiu da rota.
Havia a expectativa de que Blinken se encontrasse com o líder do regime chinês, Xi Jinping. A viagem não foi cancelada, mas adiada, sem que uma nova data tenha sido estabelecida.
O balão foi avistado pela primeira vez no Alasca, antes de passar pelo Canadá e entrar outra vez no espaço aéreo americano. Na quarta, o objeto sobrevoou Billings, no estado de Montana, onde fica uma base militar com silos de mísseis balísticos intercontinentais. Washington decidiu não derrubar o balão, sob o argumento de que o item tem capacidade limitada de coleta de informações e seus destroços poderiam cair sobre áreas civis. O artefato teria o tamanho de três ônibus, segundo testemunhas.
Segundo autoridades americanas, Blinken telefonou nesta sexta para o conselheiro de Estado Wang Yi, maior autoridade diplomática chinesa, e afirmou que o balão era uma violação de soberania inaceitável.
Pequim tentou minimizar as tensões ao afirmar, via comunicado no site do Ministério das Relações Exteriores, que o balão era uma aeronave civil usada em pesquisas meteorológicas que tinha se desviado de seu trajeto planejado em razão de ventos. “A China lamenta a entrada não intencional do balão no espaço aéreo dos EUA devido a força maior. A China continuará se comunicando com os EUA e lidará adequadamente com essa situação inesperada causada por força maior”, diz a nota, colocando panos quentes.
Mesmo antes do encontro do artefato, porém, o clima já era de tensão e as expectativas para a viagem de Blinken eram baixas. Na quinta (02/02), o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, foi a Manila e anunciou um acordo para que os americanos possam usar quatro bases militares no país, expandindo a presença no Mar do Sul da China, região reivindicada por Pequim.