A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (17/08) a Operação Buruburu, que visa desmantelar uma organização criminosa responsável pela exploração de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A investigação revelou que ao menos dois ex-militares da Força Aérea Brasileira (FAB) são suspeitos de integrar o grupo criminoso, que tinha como foco a logística e o financiamento do garimpo na área de preservação.
A operação resultou na emissão de 11 mandados de prisão preventiva, 18 de busca e apreensão e 19 com medidas cautelares. Entre os envolvidos, há indícios de que dois ex-integrantes da FAB, Marcos Denes de Santos Souza e Marcio Jose Muller, participavam do grupo. Além disso, um indivíduo ligado à facção criminosa PCC teria tido envolvimento, mas faleceu em um tiroteio este ano.
A organização criminosa era dividida em quatro núcleos, cada um com funções específicas, como financiamento, logística, transporte do minério e esquentamento do ouro ilegal. A investigação aponta que os ex-militares atuavam em posições-chave: Muller coordenava a logística aérea e alertava garimpeiros sobre operações de fiscalização, enquanto Santos Souza fazia parte do núcleo de mecânicos, fornecendo peças de reposição para as aeronaves utilizadas no garimpo ilegal.
A Justiça Federal autorizou o bloqueio de cerca de R$ 300 milhões dos investigados, alegando que o grupo causou impactos socioambientais avaliados em R$ 1,2 bilhão e retirou aproximadamente R$ 700 milhões em ouro ilegal da Terra Indígena Yanomami. A operação também ressalta que o garimpo ilegal leva a degradação ambiental e danos irreparáveis à fauna e flora da região, demandando responsabilização dos envolvidos.
A investigação aponta que o grupo era liderado por um empresário com ligações a cooperativas de mineração e agropecuária, que utilizava autorizações da Agência Nacional de Mineração para “esquentar” o ouro ilegal extraído da terra indígena. A operação busca desarticular a rede criminosa e responsabilizar os envolvidos pelos crimes cometidos na exploração ilegal de garimpo na Terra Indígena Yanomami.