O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizou exames de rotina neste sábado (12/11), no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que apontaram inflamação das cordas vocais e leucoplasia na laringe, que é caracterizada por manchas brancas.
Os exames também mostraram “completa remissão do tumor diagnosticado em 2011”.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a leucoplasia não é uma “emergência médica”, mas que requer acompanhamento médico, uma vez que pode evoluir para um câncer. As probabilidades de isso ocorrer, no entanto, são de cerca de 10%.
Segundo boletim médico divulgado pelo hospital na tarde de sábado, “foram realizados exames de imagens: ecocardiograma, angiotomografias e PET scan, que estão normais e seguem mostrando completa remissão do tumor diagnosticado em 2011”.
“O exame de nasofibroscopia mostra alterações inflamatórias decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe”, completa o boletim.
O presidente eleito foi acompanhado pelas equipes médicas coordenadas pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, que é seu médico, e por Artur Katz e Rubens Brito.
A assessoria de imprensa de Lula informou que ele deixou o hospital por volta das 14h30. O presidente eleito chegou ao local às 10h30.
Segundo o oncologista José Guilherme Vartanian para a Folha, head de cabeça e pescoço do A.C.Camargo Cancer Center, a leucoplasia “não é uma emergência médica, mas é preciso acompanhamento de perto”, uma vez que ela é considerada uma “lesão potencialmente pré-maligna” e pode se tornar um câncer.
Ele cita três causas principais para a leucoplasia: tabagismo, etilismo e refluxo gastroesofágico.
Para ele, num primeiro momento, é preciso “tirar o fator causal”, ou seja, tratar o que pode ter causado a leucoplasia, e seguir com acompanhamento médico. Caso não haja melhora e seja avaliada a necessidade de uma cirurgia, o procedimento é de baixo risco.
“É uma cirurgia simples, de baixo risco. Geralmente, o paciente vai de alta [hospitalar] no dia seguinte. É simples e rápido”, diz Vartanian.
O pós-operatório, segundo ele, implicaria uma semana de repouso vocal e exercícios com fonoaudióloga. Ele diz que o impacto na voz do paciente depende da localização, na laringe, da leucoplasia.
O oncologista clínico do Grupo Oncoclínicas Pedro De Marchi, especialista em câncer de cabeça e pescoço e coordenador médico do Instituto Oncoclínicas, diz que o tratamento para a leucoplasia é “basicamente observação” e, caso possível, “ressecção da lesão”.
“Vai depender muito da localização, mas, em geral, essas lesões são passíveis de ressecções simples. Muitas das vezes endoscópicas.”
Ele afirma que o fato de um paciente discursar ou falar muito não interfere na chance de a lesão progredir para um câncer “de maneira alguma”.
E que, uma vez realizada a cirurgia e o paciente se recuperando dela, “não existe nenhum tipo de limitação” em relação à preservação da voz.
“A partir do momento que faz o procedimento, a voz pode ficar comprometida por alguns dias. Mas, quando cicatriza depois do procedimento cirúrgico e o paciente se recupera da cirurgia, vida normal. Nada específico em relação a discursar e falar, não existe nenhum tipo de limitação”, diz De Marchi.
Médico-chefe do serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Marco Aurélio Kulcsar diz que, se a lesão for pequena, “nem alteração da voz tem”.