O cenário era desanimador, com desfalques que fragilizavam o já curto elenco tricolor. Mas a crença em um modelo de jogo e a disposição para fazê-lo funcionar levaram o Fluminense a controlar a maior parte do clássico contra o Flamengo, neste domingo, e a ter mais motivos que o adversário para lamentar o empate em 0 a 0 no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro.
O primeiro tempo se dividiu em três atos. Nos 15 minutos iniciais, o tricolor soube seguir a risca a orientação do técnico Fernando Diniz para construir com a bola no pé. Conseguiu, assim, superar a pressão rubro-negra que, embora feita com muitos jogadores, não tinha intensidade. Nesse período, a melhor chance foi um chute de fora de Luciano, defendido por Diego Alves.
Depois, o Flamengo assumiu o controle, com maior participação dos seus meias. Quando o relógio atingiu 30 minutos, a divisão da posse de bola já era igualitária. Mas nem Diego, nem Gabigol aproveitaram as chances que tiveram de cara para o gol. Por fim, houve um momento — o terço final — em que os dois times conseguiram levar incômodo à defesa adversária.
A diferença de abordagem, porém, ficou mais evidente depois do intervalo, quando Diego precisou ser substituído por conta de um incômodo na panturrilha. O interino do Flamengo, Marcelo Salles, fez a escolha mais óbvia: centralizou Everton Ribeiro e lançou Berrío na ponta direita. Sua mexida trouxe duas consequências imediatas: reforçou a aposta rubro-negra num jogo de transição; e deixou Caio Henrique menos à vontade na lateral.
O retorno do intervalo até foi animador, com boas chances de ambos os lados, desperdiçadas por Bruno Henrique e João Pedro. Mas logo o ímpeto inicial foi substituído por momentos em que a limitação técnica tricolor e a desorganização ofensiva rubro-negra enfeiaram o confronto.
Diniz pode lamentar, porém, que seu time ainda tenha muita dificuldade para transformar o volume de jogo em finalizações certeiras. Houve chances até os acréscimos, a última delas perdida também por João Pedro.
Do ponto de vista rubro-negro, há de se comemorar certa consistência defensiva. Embora ainda corra o risco, o time ao menos conseguiu estancar a sangria da era Abel Braga, quando ao menos um gol era permitido por partida. Com Salles, o Flamengo ainda não foi vazado em três partidas.
*Extra