Criado para desafogar o sistema de saúde do Amazonas e inaugurado no último sábado, 18, o Hospital de Retaguarda Nilton Lins está mais uma vez envolvido em polêmica. Agora, um relatório realizado no mesmo dia da inauguração pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas, apontou que a unidade hospitalar foi entregue sem estrutura adequada.
Antes de ser entregue, o local já havia sido alvo da justiça depois que foi determinado a suspensão do pagamento de no mínimo 50% do valor do contrato de locação firmado entre o Governo do Amazonas e o Complexo, no valor de R$2,6 milhões de reais referente a três meses de aluguel.
Mesmo a justiça sendo favorável em relação aos gastos públicos e decidindo diminuir o valor referente o aluguel que deveria ser pago pelo Governo do Amazonas, o orgão informou que iria recorrer da decisão judicial dizendo que esta seria uma prática para suspender a implantação dos leitos para atender pacientes do novo coronavírus (Covid-19) no Hospital da Nilton Lins. Segundo a nota, a decisão foi incabível na tentativa de paralisar o andamento da unidade de retaguarda, que é urgente e essencial.
Segundo o governo havia afirmado, o hospital tem capacidade de implantação de 400 leitos, mas foi inaugurado com 32 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cem leitos clínicos. Porém, o relatório apontou que dos 16 leitos de UTIs, nenhum estava funcionando no dia na inspeção.
Na inauguração, o governo do Amazonas informou que oito pacientes já seriam recebidos na unidade ainda no sábado, e o local segundo o relatório apontou, tem incapacidade estrutural da unidade para receber pacientes com o novo coronavírus.
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“Na inspeção, observamos que a inauguração do hospital foi simbólica. Leitos de UTIs ainda não estão em funcionamento, setores ainda estão sendo arrumados, máquinas sendo montadas e testadas, EPIs e medicamentos [são] insuficientes, [há] ausência de toalheiros, ‘dispenser’ de sabonetes líquidos”, relatou a promotora de Justiça Silvana Nobre Cabral.
“Durante a inspeção, apuramos a falta de EPIs para os operadores, de medicamentos e de equipamentos para a estruturação integral dos leitos de UTI. A inspeção realizada teve por desiderato amealhar elementos de provas que subsidiem essa ação”, explicou a procuradora-geral Leda Albuquerque.
De acordo com o CRM, o hospital apresentava os seguintes problemas: falta de conexões dos ventiladores, de Central de Esterilização de Materiais, de equipamento de aspiração e de sistema de vácuo e sistema fechado de manejo em toda a estrutura, EPIs em número insuficiente para os profissionais, falta de material para lavagem das mãos, de respirador sem filtro antibacteriano e de válvula de fuga.
“Concluo que não há estrutura e material adequado para tratamento de pacientes portadores de covid-19 no Hospital Nilson Lins na presente data”, finalizou o relatório do CRM, assinado pelo médico Ricardo Góes Figueiras.
“Governo não considera que a inauguração da unidade tenha sido simbólica”
Veja a íntegra da nota do governo do Amazonas
A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informa que o Hospital de Retaguarda da Nilton Lins, aberto no sábado (18/04), já recebeu dez pacientes regulados pelo sistema da Susam. Dessa forma, o Governo não considera que a inauguração da unidade tenha sido simbólica e continua aberto a prestar esclarecimentos aos órgãos de controle.
Devido à urgência por novos leitos, a unidade de retaguarda foi aberta, inicialmente, com 66 leitos, sendo 16 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 50 clínicos. A ampliação dos leitos na unidade deve ocorrer de forma progressiva até a capacidade total, de 400 leitos, que serão disponibilizados conforme a chegada de equipamentos adquiridos pelo Governo do Estado.
O Governo do Amazonas mantém todos os esforços para ampliar a oferta de leitos, tanto no Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, referência para casos do novo coronavírus (Covid-19), quanto para o Hospital de Retaguarda da Nilton Lins.
Entre as medidas, está a convocação de 704 técnicos de enfermagem, por meio de processo seletivo e 517 profissionais de saúde aprovados no Concurso dos Bombeiros. Todos os esforços também estão sendo feitos para obtenção de insumos e equipamentos, o que neste período de pandemia torna-se muito mais complexo.