No sul do estado do Pará, os povos indígenas Kayapó-Mẽbêngôkre, Mkayapó, e Menkragnoti formam uma barreira contra a destruição da floresta amazônica, que sofre com os garimpeiros, madereiros e pescadores ilegais. E o uso das tecnologias ajuda no monitoramento e vigilância territorial das Terras Indígenas.
Osvaldo Barassi Gajardo, especialista em convervação e parceiro da ação que envolve a WWF-Brasil e a Associação Florestal Protegida (AFP), explica que o uso das tecologias pelos indígenas ajuda na coleta de evidências em campo, a fim de subsidiar a elaboração de relatórios e denunciar aos órgãos competentes.
“A ideia é que o projeto garanta o funcionamento das bases de vigilância e a manutenção de equipes de proteção territorial. Demos esse apoio por meio de doação de equipamentos, além de recursos para alimentação, diárias a indígenas e combustível que possibilitaram a ação das equipes”, frisa.
Os equipamentos são três GPS, um tablet, um computador portátil, dois motores de popa de 40 HP para barcos e quatro motores de popa rabeta. A união das técnicas e do material aperfeiçoa e sistematiza o banco de dados de vigilância.
Esses dados, em conjunto com sistemas de informação geográfica, permitirão acompanhar a efetividade do trabalho de monitoramento ao longo do tempo. Assim, além de garantir o funcionamento das bases, o projeto visa aperfeiçoar sistemas de coleta de dados e informação, fazer análise e tomadas de decisão mais qualificadas.
A cacica O-é Kaiapó Paiakan falou sobre as bases de vigilância e a relização de expedições para a vigilância constante contra invasores:
“Só o fato de estarmos ocupando o espaço já garante alguma proteção. Como nossa área é muito grande e temos grande pressão externa, esses projetos são fundamentais. É importante estarmos capacitados e podermos agregar novas técnicas ao procedimento que já fazemos para proteção do território”, frisa.
A ação conta com revezamento entre indígenas e não indígenas, e a previsão é que o projeto continue por anos.
Igor, coordenador dos cursos de jovens para monitoramento e gestão territorial, fala sobre a geração de renda da ação aos indígenas, que desestimula atividades ilegais:
“A geração de renda também é importante para reduzir o assédio e incentivar as comunidades que estão ali segurando o avanço do garimpo, de forma que possam fortalecer o trabalho de monitoramento que estão fazendo”. – frisou.
As pressões por invasão de território existem desde 1970, mas Igor reforça que houve um disparo no nível a partir de 2016 e ainda mais em 2019, com a atual gestão do Governo Federal:
“Não apenas o ritmo das invasões está aumentando, mas o discurso favorável à exploração das terras indígenas está sendo legitimado, ‘empoderando’ os garimpeiros. Com isso, a pressão de cooptação de indígenas também está cada vez maior. A sensação de impunidade é cada vez maior e os conflitos também estão cada vez mais frequentes”, diz Igor.
Fonte: WWF-Brasil.